
FOTOGRAFIA DE POPULARVILLAS.PT
Falar do Algarve é falar da família Uva. Havia já uns Sousa Uva, de São Braz de Alportel.
E muitos Sousas: Sousa Faísca, Sousa Nunes, etc. E também havia uns Cunhas, com títulos do tempo de D. Maria I, de Castro Marim (condes de) ou Olhão (marqueses de).
Mas os Uvas preferiram logo a zona mais quente do Algarve, a do sotavento. Fizeram o primeiro hotel de 5 estrelas no Algarve, o Vasco da Gama, sobre a praia de Monte Gordo, logo nos anos 60. O principal proprietário era mesmo Domingos Sousa Uva, que deteria a Versalhes, de Lisboa.
“Lucky” (Sortudo) Luciano (1897-1962) foi um mafioso ítalo-americano, autor do sindicato nacional do crime nos anos 30 – e tido

Fotografia de e-konomista.pt
como o primeiro padrinho dos padrinhos da Mafia. Em 1935, foi condenado a dezenas de anos de prisão, Mas na II Guerra, auxiliou as Forças Aliadas na invasão da Sicília. E assim se viu solto nos EUA, deportado para Itália.
Ainda se movimentou nos negócios dos casinos de Cuba, até à Revolução de Fidel. Depois, com Fulgêncio Baptista fugido numa primeira fase para Portugal, quis trazer os seus casinos para o Algarve: são os casinos de Monte Gordo, Vilamoura e o Hotel-Casino da Praia da Rocha.
Consta que morreu de ataque de coração, no aeroporto de Roma, quando partia uma vez mais para Portugal, a fim de resolver problemas com os persistentes cortes de Salazar nos casinos mafiosos do Algarve.

Fotografia de popularvillas.pt
Nessa altura, o Algarve estava inexplorado, e fez furor no mundo quando Brigitte Bardot lá passou umas férias muito típicas, em casas de pescadores, numa praia de sonho, Albufeira – então comparada pela imprensa internacional a Saint Tropez. Depois foram os Beatles, também nos anos 60, na mesma Albufeira, a queimarem as noites numa boite que se pôs de moda, o 7,5. Paul McCartney chegou a fazer uma canção famosa sobre o Penina.
Os grandes negócios turísticos surgem e seguir: a Quinta do Lago, de André Jordan, Vilamoura, de Cupertino Miranda, etc. Suponho que o primeiro aldeamento turístico sobre o mar, da iniciativa da família Vaz Pinto, é o da Prainha. De repente o Algarve ficou virado de pernas para o ar, terras que eram de pescadores como Albufeira e a Quarteira tornaram-se irreconhecíveis pelo excesso de betão, e nem os Beatles nem a Bardot iriam seguramente hoje para lá. De qualquer maneira, por lá continua, um vencedor inglês do Festival da Eurovisão, Cliff Richards, que está a fazer sucesso com os vinhos que aí produz. Os Uvas, hoje, ali, perdem-se muito, são chão

A horrível nova Albufeira, que nunca chamaria Bardot nem os Beatles, fotografia de turismoenportugal.org
que já deu uvas.
A costa algarvia começa em pleno Parque Natural da Costa Vicentina, prolongamento do litoral alentejano. Entre Odeceixe e Sagres quase não parece estarmos no Algarve. Uma área menos explorada, em que as escarpas imponentes escondem praias como Amoreira, Monte Clérigo, Arrifana, Praia do Amado ou Carrapateira. Algumas são segredos a descobrir, acessíveis por caminhos escondidos.
No Cabo de São Vicente junto a Sagres, o extremo sudoeste do continente europeu, o Algarve faz uma curva e o mar ganha um temperamento menos agitado, já muito a caminho do Mediterrâneo, e entalado com a costa do Norte de África. Esta metade Oeste do Algarve é designada por barlavento. Aqui encontram-se praias enquadradas por rochedos a que o mar deu formas extravagantes. Alguns nomes: Porto de Mós, Dona Ana, Praia da Luz, Praia do Camilo, Alvor, Vau ou Carvoeiro.
E depois há a Ponta da Piedade, perto de Lagos. Segundo o jornal online americano Huffington Post, pode muito bem ser a mais bonita praia em todo o planeta! Ou a Praia da Marinha, rodeada de falésias esculpidas pela erosão.

Barlavento, fotografia de casasdobarlavento.com
É também entre Lagos e Faro que se encontram as praias mais cosmopolitas, com animação a prolongar-se pela noite dentro: Na Praia da Rocha, em Portimão, nas Praias da Galé e da Oura, em Albufeira, e as de Vilamoura ou Armação de Pêra. Para actividades mais diurnas, ou mesmo só para areal, temos as praias dos Tomates, dos Salgados, São Rafael, Santa Eulália, Maria Luísa ou Falésia.
Muito perto de alguns resorts exclusivos (Vale do Lobo, Ancão, Vila Lara e Quinta do Lago) está-se também nas imediações do Parque Natural da Ria Formosa – um tesouro ambiental feito de águas tranquilas, amplos areais e ilhotas quase desertas que se estende para Leste até Cacela Velha. Na Ria Formosa, vamos de barco até à praia, já que é preciso atravessar as suas águas para alcançar as do mar que banha as ilhas barreira, como a Barreta, a mais meridional do território português, uma autêntica praia deserta. Mas há outras ilhas a descobrir – da Culatra, da Armona, da Fuseta ou a de Tavira, que possui uma área reservada ao naturismo.
A oferta de praias continua até à foz do Rio Guadiana. Cabanas, Manta Rota, Altura, Praia Verde, Pedras del Rei (mais toda a Tavira) e Monte Gordo, são areais enormes que se prolongam mar dentro, com extensas áreas em que temos pé. É o tal sotavento, o Leste do Algarve. Há naturalmente umas mais discretas, mas ainda assim com apoios e restaurante, como é o caso da Praia do Trafal, a caminho de Vale do Lobo vindo de Vilamoura, a seguir ao Ancão e a Vale Garrão. E há algumas que se dizem mesmo desertas,

Fotografia da Wikipedia
quase selvagens, como a da Esteveira, em Aljezur (é só dificultar-lhes, ou não facilitar, o acesso).
Os hotéis, embora apresentem muito luxo (e não só) em cima de água, já vão recuando até Monchique. Olhão vale pelo Mercado (e não apenas de peixes e amêijoas). No desporto, a zona tem apostado muito no golfe – tendo as melhores condições para isso, afora as canículas de Agosto, e ajudando a estender o turismo de alguma qualidade pelo resto do ano (tipo Hotel Penina).
Claro que ninguém vai ao Algarve refrescar-se, como se fazia nas praias mais tradicionais e snobs do Atlântico, mas para aquecer ainda mais, e esturricar naquele sol sem iodo. Os estrangeiros amam-no no Inverno, chegam a viver lá, mas retiram-se em Julho e Agosto, para deixarem à vontade a populaça nacional. Se há sítio de férias realmente democrático, apesar dos recantos de luxo caríssimos, é o Algarve: que misturada de gente. Vê-se, claro, que eu não aprecio, e continuo a refrescar-me no Verão em zonas menos quentes. E que

Fotografia de nabicicleta.com
contradição os jornais às vezes queixarem-se de que se abafa por lá com calor a mais… Mas é precisamente esse bafo que o visitante procura, auxiliado pelos ares condicionados. Sujeitando-se a todos os incómodos (calor excessivo, bichas excessivas, preços excessivos, faltas excessivas, etc.).
O Algarve resume-se ao distrito de Faro. É considerado a Região turística mais importante de Portugal e uma das mais importantes da Europa. Clima temperado mediterrânico, caracterizado por invernos amenos e curtos e verões longos, quentes e secos, águas tépidas e calmas, belas paisagens naturais. O património histórico e etnográfico e a gastronomia são atributos que atraem milhões de turistas. É atualmente, a terceira região mais rica de Portugal, a seguir ao Vale do Tejo e à Madeira, com um PIB per capita de 86% da média da União Europeia.
Silves foi a capital do Algarve durante o domínio árabe.(c. 715–1249).
E seria esta a última porção de território de Portugal a ser definitivamente conquistada aos mouros, no reinado de D. Afonso III, no ano de 1249. No entanto, apenas em 1267 – no Tratado de Badajoz – foi reconhecida a posse do Algarve como sendo território português, devido a pretensões do Reino de Castela.
Iniciou o século XX como uma região rural, periférica, com uma economia baseada na cultura de frutos secos, na pesca e na indústria conserveira. Contudo, a partir da década de 1960, dá-se a explosão do turismo, como atrás se referiu, mudando assim por completo a sua estrutura social e económica.
A zona ocidental do Algarve é designada por Barlavento e a oriental por Sotavento, por causa dos ventos predominantes. Faro está para o Sotavento como Portimão para o Barlavento – embora nunca se tenha aceitado dividi-lo em 2 distritos.

Mercado de Olhão, fotografia de algarvefilm.com
A ria Formosa é um sapal que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António.
Faro é conhecida por ser a capital das motos em Portugal. Ali tem lugar anualmente a maior concentração motard da Europa.
Sobressaem as amendoeiras em flor. A indústria da pesca e conservas, nos últimos anos tem abrandado. Destaca-se a pesca dos famosos chocos que deram origem à receita ‘choquinhos à algarvia’.
Há também os enchidos de Monchique (terra de suinicultura), e destaque para os Dons Rodrigos, nos doces, ou o arroz de lingueirão farense. Claro que não podemos esquecer a sardinha assada (que se salienta mais noutras zonas) portimonense, ou a muito conhecida aguardente de medronho, produzida nesta região com marca própria.
E há quem garanta que aqui surgiu a carne de porco à alentejana, inicialmente denominada ‘carne de porco alentejano’, em que as amêijoas procuravam disfarçar o sabor a peixe da carne dos porcos alimentados a farinha de peixe.