Vinagrete 16.05.30

Afinal são poucos os dos colégios privados

Fotografia da Sábado

Fotografia da Sábado

Pela manifestação de ontem a favor dos colégios privados, e tendo em conta que a Hierarquia Católica Portuguesa lhe concedeu o peso do seu apoio através de um comunicado da Confederação Episcopal Portuguesa, mais os transportes que trouxeram gente de fora de Lisboa – ficamos a saber que não são muitos os defensores dos colégios privados sustentados pelos impostos dos cidadãos que na sua maior parte a eles não têm acesso. Por todo o país, no máximo, umas escassas dezenas de milhares de pessoas. A Direita anti-social católica devia ter mais gente.

Pessoalmente, não tenho escondido ser a favor de canalizar os impostos dos cidadãos para um ensino público da melhor qualidade. E perceberia melhor as lutas para melhorar a qualidade deste, que pelos vistos é universal, e contribui para uma maior justiça social – apesar de muito mal tratado.

Uma das coisas que mais me dói é ver a Hierarquia Católica Portuguesa tomar posição neste caso a favor dos privilegiados, pagos pelos contribuintes. Suponho ser só pela cegueira de a Igreja também ter colégios afectados. Mas custa-me vê-la tomar tão desenvoltamente posições contrárias à sua doutrina. E fico a pensar como faz falta o Papa Francisco, e como tem de ser tão revolucionário como ainda o é Jesus Cristo e toda a sua mensagem. Porque, como se vê, as suas atitudes começam por ser contestadas pelos que lhe devem obediência e, mais grave, deveriam seguir os ensinamentos católicos e cristãos.

Quanto à falta de razão dos colégios privados, ela não só ficou evidente nesta manifestação (que eu penso dever-se agradecer-lhes ter sido feita a um domingo, em que podiam ter mais seguidores – e não tiveram –, mas também incomodam menos os contribuintes trabalhadores que pretendem espoliar); ficou também patente nas constantes mentiras que a sua campanha divulga, para procurar ter apoios: ele foi um parecer do Tribunal de Contas, que afinal não existe como tal (é apenas um parecer privado de um elemento particular do Tribunal de Contas, e que não vincula a instituição); e ele foi também a aldrabice sobre o Presidente da República, neste caso mais católico que a Hierarquia da Igreja Portuguesa, e que teve de fazer um comunicado a desmentir os colégios privados. Era capaz de apostar que a manifestação a favor do Ensino Público, apesar de quem a convoca, vai ter muito mais gente.

Eu estou sempre pronto a reconhecer outras opiniões. Mas, neste caso, com tantas mentiras, suponho não terem verdades que lhes valham. E o ministro da Educação, por causa disto, ainda vai acabar como um herói. Faz-me lembrar o tempo em que os ministros da Saúde tinham medo de se meterem contra os médicos, e o primeiro a fazê-lo claramente, suponho ter sido o centrista Luís Barbosa, acabou como um herói. E veja-se de onde vem toda a heroicidade da Leonor Beleza.

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