Os abusos dispendiosos da Emel

Fotografia de tugaleakes.com
Anunciou-se por aí que a Emel iria disponibilizar cerca de 30 mil novos ‘aparcamentos’ de carros em Lisboa. Mas, lendo melhor as notícias, fica-se a saber que afinal a Emel não estica os aparcamentos de Lisboa, limitando-se a marcar para si mais 30 mil novos aparcamentos, que serão assim retirados aos cidadãos e à sua liberdade de aparcar. Por exemplo, quando recebo filhos em casa, eles não têm onde deixar o carro (e por isso visitam-me menos, ou evitam ficar cá a dormir).
O pior da Emel (e provavelmente de todas as congéneres que apareceram por aí) é que não só retiram aos cidadãos da cidade a sua liberdade de aparcarem carros, mas também lhes retiram a possibilidade de recorrer a reboques policiais quando estão impedidos de andar, e ainda têm um prejuízo considerável a ser pago pelos contribuintes quando cobrem os prejuízos da empresa.
Já percebi que os cidadãos em geral detestam os funcionários da Emel, que afinal se limitam a ter um emprego, nestes tempos de empregos difíceis. Mas na realidade estes funcionários são demasiado zelosos a favor da sua empresa e contra os cidadãos. Por exemplo, um cidadão hoje que precise de um reboque para fazer circular um carro impedido de andar por outro, não o consegue, porque os reboques estão ocupados a fazer negócio para a Emel, rebocando automóveis mal aparcados que não incomodam ninguém. Incluindo, incomodando todo o trânsito, para rebocarem esses automóveis. Ainda há dias, estive horas parado na Rua Luís Bivar, de Lisboa, porque um reboque da Emel estava a retirar com pompa e circunstância um carro que não pagara o aparcamento, mas se encontrava bem estacionado, e sem incomodar ninguém, nos lugares de aparcamento do meio da rua (que existem realmente ali, mas foram interditos a quem não paga). Pessoalmente acharia, como qualquer pessoa de bom senso, que um carro mal aparcado, e que não incomoda ninguém, deveria apenas ser multado, e nunca rebocado. Ficariam assim os reboques disponíveis para retirarem os automóveis nas passagens de peões, nas saídas de garagens e em qualquer outro lugar em que impeçam a circulação de terceiros. Mas não. As autoridades estão mesmo a dizer aos condutores que aparcam mal não valer a pena evitarem situações de maior dano para terceiros, porque lhes será aplicada pena igual. Não está bem, incomoda-me como cidadão, e sai-me caro como contribuinte. Preferia melhor e mais barato. Será ainda possível?