
Centeno, fotografia da RTP
Os Economistas são daquelas pessoas que detestam os factos e as realidades, porque contrariam as lógicas em que vivem. Os Economistas são aquelas pessoas que fizeram inventar a Meteorologia, para parecerem mais exactos, e ainda assim não o conseguem. Os economistas, como outros cidadãos, fazem o sucesso de intuições que casualmente (às vezes repetem-se, e eles passam por génios) acertam.
Vem isto a propósito de Mário Centeno estar no seu momento de fazer sucesso, porque acerta mais do que os outros. Mesmo assim, os outros, por mais que o vejam acertar, aparecem sempre tarde, a darem-lhe um nadinha de razão, mas a rezingarem por acharem que a realidade devia ser outra. Querem desvalorizar-lhe o sucesso, sabendo que desvalorizam ainda mais a sua própria acção.

O economista que acerta tornou-se central no PS, fotografia da TVI24
Este género de economistas preferem que se esqueçam os tempos a seguir à II Guerra, em que os países do Norte da Europa ou a Inglaterra tiveram governos trabalhistas e sociais-democratas, ou seja, socialistas democráticos, que mesmo em países completamente falidos pela Guerra, fizeram nacionalizações de sectores fundamentais e criaram políticas sociais (desde o SNS à habitação social) extraordinárias. Tudo na época das vacas magras, e quando os próprios democratas-cristãos, por exemplo em Italia (onde ainda havia fascistas e monárquicos que ocupavam a Direita), passavam por ser de esquerda – onde, como hoje se acolhem no Senado às bancadas mais à esquerda, faziam na altura acordos de regime com os comunistas. E os chamados países ricos da Europa são os que tiveram esses regimes quase socialistas (embora democráticos).
Agora com a riqueza destinada às mordomias dos políticos e a pagar as arrogâncias especulativas dos empresários ricos (normalmente, do sector financeiro), já sem o perigo das tentações de países socialistas (com a China e a Rússia devotadas ao mais selvagem dos capitalismos), e com muito mais impostos cobrados, os liberais, muito de moda, consideram não haver dinheiro que chegue para as políticas sociais, como havia quando os países estavam a sair da Guerra, e eram paupérrimos. Querem o dinheiro todo para eles, e nem pensam nas crises que a falta de mercados internos geram, acreditando que podem viver apenas de mercados longínquos, mesmo muito tempo.
De qualquer modo, por cá, qualquer pessoa vê que Centeno está a acertar mais do que os outros economistas. Mesmo os que vêm muito atrasados dar-lhe razão. Ou os que não dão, e depois de dizerem dislates que não se concretizaram, continuam a criticar o Governo, talvez por não ser suficientemente duro com o inominável presidente do Eurogrupo (um holandês que deve ser dos economistas que erram, mesmo sem curso – que aparentemente não tem).