Vinagrete 16.05.29

Hoje é a Direita que quer nivelar por baixo

Fotografia de desblogueadordeconversa.blogstop.com

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Os mais velhos lembrar-se-ão que um dos factos decisivos para o PS de Mário Soares derrotar e deixar a milhas o PCP então de Álvaro Cunhal a seguir ao 25 de Abril, foi o facto de os socialistas afirmarem pretender nivelar a sociedade por cima, acrescentando direitos aos que estavam por baixo, enquanto os comunistas, e os governos gonçalvistas que apoiavam, não hesitavam em apostar numa igualdade por baixo (a mais fácil e possível). A começar pela Segurança Social, acabando com os melhores sistemas de Previdência, para deixar todos iguais no pior.

É provável que Cunhal e Gonçalves se tenham deixado enganar pela capacidade de os russos aceitarem todos os sacrifícios, em troca do seu estatuto de grande potência e cabeça de império, e subjugados por um poder muito pouco democrático.

Mas a verdade é que hoje é a Direita que, animada pelos resultados das últimas eleições, não hesita em pretender nivelar por baixo a maioria das pessoas: horários de trabalho, em vez de se porem todos nas 35 horas (ainda por cima numa época em que os avanços tecnológicos apontam para a necessidade de menores horários de trabalho), optam por levar toda a gente para as 40 horas – com os apoios liberais europeus e internacionais. E por aí fora. Houve até uma época (a de Sócrates) em que os socialistas não hesitaram em acabar com a Caixa de Previdência dos Jornalistas, então presidida pela mãe do actual primeiro-ministro, com o argumento de que dava benefícios superiores aos da maioria da população: a tal coisa de nivelar por baixo. E não vi que o Governo de Costa se mostrasse interessado em mudar esta questão. PS e PSD estão hoje portanto de acordo em nivelar por baixo a população mais carenciada.

Talvez se dividam quanto aos cidadãos mais privilegiados: enquanto PSD e CDS preferem tirar às políticas sociais e aos realmente necessitados, para dar aos empresários (veja-se o ensino privado e a saúde privada à custa dos contribuintes que a eles pouco acesso têm), já o PS por enquanto tem optado por via oposta. Por enquanto, ou para sempre? Veremos.

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