Sou contra uma adesão rápida da Ucrânia à UE. E sou completamente a favor da Ucrânia nesta guerra com a Rússia. Acho que está ali em causa o nosso modo de vida, e não devem ser só os ucranianos a morrer por isso. Continuo à espera de ver os EUA, o RU, outros Estados (como o Canadá, a Nova Zelândia e o Japão, por exemplo) e a UE entrarem na guerra ao lado da Ucrânia. Será uma atitude mais favorável a uma paz duradoura do que a do PCP.
De qualquer maneira, se os eleitorados europeus são agora favoráveis à extrema-direita defendida em Portugal pelo PCP, talvez nem valha a pena lutar muito. E aí compreender-se-á a irritação de certos europeus, por estarem a suportar alguns custos muto menores dos que os ucranianos, com um assunto que nos diz respeito a todos (ou a muitos, admitindo que nem todos têm o mesmo ponto de vista).
Quanto à UE, deixemo-los apresentar a sua candidatura. E sejamos mais favoráveis à entrada deles na NATO, que Putin mostrou ser necessária à sua sobrevivência.
Agora uma adesão à UE por motivos emocionais, isso nunca. O que a UE tem de fazer é correr com Orbán e o país que o prefere a ele e a Putin (a Hungria) aos valores europeus. Aquela gente do Leste, mesmo quando lhe admiramos a coragem (ucranianos), é muito distinta, e tem outros valores, que lhes ficaram certamente dos tempos soviéticos. Por exemplo, uma tendência generalizada para a corrupção ou o autoritarismo político, que levará à facilidade com que vêem a ilegalização de partidos políticos.
Kissinger podia ter muita razão na sua Realpolitik, mas parecia entender pouco, como todos os americanos, sobre a Europa e a UE.