Parece que as pessoas, e sobretudo a comunicação social, quer ver os debates políticos televisivos, como uma espécie de combate de boxe, em que um ganha e outro perde por KO.

Debate, Expresso
Só me lembro de 2 debates políticos televisivos com uma influência eleitoral directa. O primeiro de todos, que inaugurou esta mania, ainda a preto e branco, nos EUA, em 1960, entre Kennedy e Nixon. Ganhou o bom aspecto de Kennedy contra a suadeira nervosa de Nixon. Já se sabe que foi assim: ganhou Kennedy. Embora muitos digam que quem tivesse ouvido bem o debate, em vez de o ver sobretudo (coisa a que se presta mais aquela caixinha da TV), teria optado por Nixon.
O outro, também suplantando as sondagens, foi em França, em 1981, o da eleição de François Mitterrand, contra a frustrada reeleição de Giscard d’Estaing.
No nosso, que ainda deverá continuar na próxima 2ª-feira (no de amanhã, já se sabe que devem ser quase todos contra Costa), não se prevê nada de tão definitivo. Rio esteve acima das expectativas que formara. E Costa, mantendo a sua estratégia, não o quis hostilizar. De resto, era mais o que os unia do que o que os separava. E Costa tem a vantagem do trabalho que apresentou, por comparação com os anteriores governos liderados pelo PSD.
Talvez as sondagens levem mais gente a mudar de voto ou a ficar em casa. Já aconteceu muito por aí (uma vez, em Inglaterra, há uns bons anos, as sondagens davam uma vitória folgada aos trabalhistas e ganharam os conservadores, porque a maioria esmagadora dos outros acabou por achar que não valia a pena dar-se ao trabalho de votar), e até por cá (a célebre maioria absoluta que escapou a Guterres na reeleição, contra todas as sondagens). Mas, por razões óbvias, Rio não pode atacar por aqui Costa.