Claro que agora é fácil dizer que Centeno não fez nada de especial, porque a situação que recebeu como ministro era demasiado boa. E ele talvez se tenha posto a jeito, com as atitudes assumidas no Eurogrupo. De resto, nem havia diabo para vir, e esta gente até nasceu de rabo virado para a Lua, pronta a fazer politicas que os outros também fariam, embora começndo sempre por vociferar contra elas.

RR
Mas a verdade é que o Governo tem um primeiro-ministro, e é apoiado por uma coligação, que anunciou desde sempre uma inversão das políticas do antigo Governo. E grande parte do último livro de Cavaco Silva é dedicado a explanar como foram na sua opinião erradas as políticas do Executivo de Passos Coelho-Gaspar – e erradas não só economicamente, mas também dos pontos de vista político e social. Claro, era só a opinião dele, mas a realidade acabou por a confirmar. De resto Cavaco até vai ali mais longe, e defende uma grande coligação de medidas perante a assistência estrangeira, resistindo às ideias que considera nocivas da troika (e que realmente o foram, como se viu pela incapacidade demonstrada por Gaspar para fazer um único orçamento para um ano inteiro – tinha sempre rectificativos –, e pela necessidade de manter e aumentar a austeridade em cada ano, bem como a revolta de muitos com a Constituição – como se não existisse ou não fosse conhecida antes).
A verdade é que a dupla Passos-Portas nunca arranjou nenhum ministro das Finanças com políticas comparáveis com as de Centeno, mal este as implementou.
Por outro lado, bem pode o Institute of Public Policy dizer o que quer dos vários orçamentos de Centeno, que até talvez tenham pecado pelas cativações, mas a verdade é que ele conseguiu acertar, e ter apenas 1 por ano, coisa nunca conseguida pelos Executivos Passos-Portas, com Gaspar ou com Albuquerque.