Devo confessar que foi para mim uma desilusão o filme sobre a imigração do artista plástico chinês, actualmente com estúdio em Berlim, Ai Weiwei. Começa por ser demasiado primário a defender que recebamos os refugiados (chega a sugerir lá ser a única maneira de evitar que se radicalizem, como se eles não estivessem a fugir já dos radicalismos). Curiosamente, fui ver o filme numa altura em que mais um Governo chamado ‘populista’ (devem querer dizer antes fascista) prepara para instalar-se no coração da UE, ou seja em Itália. Depois das experiências bem negativas, nesse aspecto, da Polónia e da Hungria.

Ai Weiwei, C7nema
Lembrei-me do Dr. Mário Soares defender que a integração europeia era a maneira de impedirmos que a extremos voltem a ocupar Portugal. E no entanto a UE tem mostrado resistir à entrada de extremistas, mas depois de os países estarem dentro, financia e até dá fortunas de torneira aberta a esses mesmos extremistas (como se tem visto com os exemplos infelizes da Polónia e da Hungria). Custou-me assistir na Polónia o ódio que esta gente agora eleitora da extrema-direita (no fundo, pareciam sentir-se melhor debaixo da pata de Moscovo), vota a quem lhes ofereceu arduamente a democracia, como Lech Walesa.
Contudo, penso que há uma boa intenção de um certo tipo de europeus relativamente aos refugiados muçulmanos, que nos procuram com expectativas erradas, e não escondem o que nos odeiam – como afirmam claramente no filme. Nem sequer são muito corajosos. Apenas têm dinheiro para vir. Os que não têm ficam lá. Mas imaginando o horror que deve ser viver em países tão atrasados, a nossa redacção natural deveria ser recebê-los de braços abertos. Só que eles vêm com a expectativa de se mudarem para países riquíssimos, e portanto julgam poder viver cá melhor do que lá, em trabalharem muito. Isso não é possível. Acabam em grande quantidade no crime mais ou menos organizado, e depois nas radicalizações próprias de criminosos com estranhas crenças religiosas.
Talvez entre os nossos populistas haja fascistas convictos, que odeiam simplesmente a democracia e os outros, e haja os que sentem uma aversão aos refugiados que também não gostam de nóis, e vêm cá criar problemas – como se vê em tantos filmes, quando tratam das escolas, e mostram o que são a imigração demasiado problemática e demasiado rebelde. Talvez se cairmos em nós, passem a haver menos ‘populistas’.
Outro disparate, é o da ministra dinamarquesa que veio defender que os muçulmanos deixem de trabalhar no mês do Ramadão, sem para isso tirarem férias. Quem será então o patrão disposto a empregar gente que, além do período normal de férias, não trabalhará mais um mês. Talvez fosse bom começar com essas experiências nos países muçulmanos.