A Justiça belga deixou em liberdade Puigdemont e os seus colaboradores, depois de estes se entregarem, ao saberem da existência de um mandado de captura internacional passado pela Justiça espanhola (que pelos vistos só é rápida a perseguir catalães pacíficos mas antiunionistas). E anda a demorar a reapreciação do mandado espanhol.

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E ainda assim parece que alguns comentadores políticos nacionais não entenderam a razão de Puigdemont ter ido para a Bélgica. Com ar de homenzinhos durões, até lhe chamam cobarde. No entanto, os seus apoiantes catalães, que são quem interessa para este assunto, entendem-no melhor, e não o insultam assim – até dão provas, mesmo nas pouco independentes sondagens madrilenas, de quererem votar nele.
Claro que os comentadores portugueses, fascinados com o legalismo jurídico anticatalão (e esquecendo até que se trata realmente de uma questão política, por alguma razão os ‘conjurados’ nacionais fizeram as suas reuniões secretamente, e que por puro legalismo Espanha já devia ter devolvido Olivença a Portugal), são na realidade muito anti-iberistas – lembrando nós como os iberistas defendiam uma Grande Espanha dominada pelas periferias, que se deviam impor à atrasada (dos pontos de vista económico e civilizacional) mas imperialista (talvez pelos ditos atrasos) Castela.
Eu, feliz com a independência de Portugal, apoio completamente todos os catalães antiunionistas. E lamento que os castelhanos continuem a ensinar na sua História que os portugueses são rebeldes que se revoltaram contra Castela, esquecendo que legalmente a unidade ibérica sob os Felipes foi apenas uma União Real, a que Portugal pôs termo quando Madrid quis transformá-la numa anexação, essa sim, rebelde e ilegal – na minha escassíssima opinião, certamente contrária à dos nossos outros comentadores espanholistas pró-castelhanos.