Vinagrete 17.11.09 – O esgotamento das urgências

Fotografia do Ministério da Saúde

Estamos fartos de saber que as urgências estão superlotadas (não estou a falar das listas de espera ‘normais’, que o Tribunal de Contas afirma terem sido demasiado ‘limpas’), frequentemente com pessoas e doentes que não necessitavam de ir lá pois foram com doenças facilmente tratáveis por fora, mas o sistema empurra-as mesmo para lá. Todas as vezes que liguei para a Saúde 24, me mandaram para as urgências. Conheço médicos e enfermeiras do SNS que vão às urgências por dá cá aquela palha. Claro que fico mal impressionado com estes profissionais (?) de saúde, mas percebo que o sistema burocrático vigente empurra-os para isso. Já nem há médicos novos que saibam diagnosticar, sem auxílio de análises que só se fazem imediatamente nos hospitais. Para uma simples receita de uma doença crónica, o Serviço de Saúde das Caldas mandou-me para as urgências do Hospital local.

Imagem de saudesa.blogspot.com

Em 1989 parti para Espanha. Lembro-me que antes chamava com facilidade médicos a casa. Em Espanha, continuei a chamar médicos a casa sempre que era necessário. Mas quando voltei para Portugal, em finais de 2002, já não conseguia chamar médicos a casa. Os médicos mais burocratas dizem não valer a pena ir a casa, por falta de meios de diagnóstico – já que eles também não sabem diagnosticar.

Aos meus filhos, o conselho mais forte que dou, é procurarem pediatras para os filhos deles que atendam os telefones e tratem as crianças fora dos hospitais – onde raramente precisam de ir, apesar da inúmeras maleitas dos miúdos, e onde se podem apanhar mais doenças graves do que tratar as não graves.

RR

Talvez seja preciso alterar toda a mentalidade médica nacional (e extirpar-lhe as tendências burocráticas, avessas a diagnósticos sem confirmação dos meios técnicos). E a acabar com os médicos só com médias escolares altíssimas, que podem dar bons académicos ou investigadores, mas comprovadamente não dão grandes diagnosticadores. E voltar a ter cuidados de SNS que evitem legionelas e outras bactérias resistentes que se apanham nos hospitais, sobretudo desde que Thatcher se empenhou em acabar com o SNS (é agora um sector privilegiado para investimentos privados), acabando com serviços do Estado e recorrendo a out sorcings em serviços como os de limpeza.

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