
Passos anunciou saída, fotografia da RTP
Passos Coelho lá fez o que deveria ter feito há mais tempo (pelo menos quando percebeu que não tinha estratégia para as autárquicas e ia arrastar o PSD para o abismo consigo) – e abriu a época para as candidaturas à liderança do seu partido. Que, afinal, são mais do que se penvava.
O PSD é um partido demasiado antigo, estruturante para a democracia do pós-25 de Abril, que vai certamente recuperar o seu lugar reformador e liberalizante centrista, embora bem distinto do PS.
Afinal, foi o PS que criou o SNS; e foi Mário Soares o político mais importante da Democracia e o responsável pela instauração de uma democracia orgânica, agora chamada liberal; e embora fosse Soares o primeiro a alertar para a necessidade disso, seria António Costa a trazer o PCP para as funções executivas (coisa que a democracia-cristã, apesar de esquerdófila de início, nunca fez em Itália, limitando-se a um compromisso histórico parlamentar e de regime, que deixou a direita ali radiante com ela, mas asfixiou o dito regime).

Logotipo do PSD, Wikipédia
Lembro agora como mais importante do que nunca, uma pessoa conhecida que, apesar de sofrer muito as derrotas constantes do Sporting, dizia nunca abandonar o seu clube, e estar pronto a apoiá-lo tanto nas vitórias como nas derrotas. O oposto de Groucho Marx, quando se propunha alterar toda a sua lista de princípios, para alegrar um interlocutor (passe a graça evidente).
Será o PSD capaz de recuperar sem querer ir à boleia das ondas da moda? Será capaz de aprender com a derrota de André Ventura em Loures; será capaz de não querer saber para nada da vitória de Isaltino, e preferir perder uma Câmara Municipal a ostentar um candidato tão pouco credível como ele (uma espécie de Trump que os seus munícipes certamente querem e merecem)? Serão capazes todos os partidos de não prescindirem de certos valores, usando com o mesmo fulgor o Governo e a Oposição? Serão capazes de entenderem ser essa a única maneira de manterem uma credibilidade publica a prazo? Perceberão que modernizar nunca pode significar uma altaração completa de princípios? Não bastará mandar às urtigas as pretensões do tal Ventura racista, que se está a pôr em bicos de pés na sucessão de Passos.