Fotografia de opanorama.pt

A ida do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa á Cornucópia, com o ministro da Cultura (apanhado de surpresa), colocou a questão do fecho da companhia na cena política. E nalguns meios renasceu mesmo a esperança de que seria encontrada uma solução que viabilizasse a continuação em cena da Cornucópia – estimulada pelos cornucopianos e pelos políticos ali presentes. Depois de o ministro da Cultura ter declarado que não haveria exceção na concessão dos subsídios, a Companhia de Teatro também acabou por esclarecer que «o encerramento da Cornucópia não é, de facto, reversível». Foram 43 anos de existência (ou seja, a gente da fundação que

LMC da Cornucópia, fotografia da TVI24

ainda sobrevive já está muito velhinha) e mais de 120 produções.

Mas penso ser boa ideia não ir para excepções, que prejudicariam outros. Claro que, pessoalmente, não tenho a ideia grande de outros sobre o teatro em Portugal. Por muito subsidiado que seja (e não ponho em causa a necessidade de subsídios para a Cultura), parece que os subsidiados preferem distribuir o dinheiro em ordenados, e ficarem-se por produções alternativas (os subsidiados não são alternativos mas subsidiados),

Fotografia de narrativadiaria.blogs.sapo.pt

com encenações materialmente paupérrimas e apenas conceptualmente digeríveis. Eu gosto de teatro, mas tenho preferido vê-lo fora de Portugal, mesmo quando não percebo bem a língua. Os alternativos suportam-se por falta de subsídios, de dinheiro ou de liberdade para os outros apresentarem melhor as obras. Já para não falar na opinião de um amigo meu, consensualmente tido como grande actor, segundo o qual o excesso de subsídios ao teatro tinha morto este meio: os bons actores fazem as sua companhia com os subsídios que conseguem, e não se consegue reunir uma boa grande companhia. Talvez seja esse o problema.