
Fotografia de alagoasreal.com
A propósito da morte de Fidel Castro (1926-2016), com uns longevos 90 anos, fiquei a pensar nas reacções. Desde o Papa (talvez lembrando os tempos de católico de Castro, e a forma como este se voltou a relacionar com vários Pontífices), quase todas foram serenas e simpáticas, como costume suceder com os mortos. Só uma destoava: a de Trump (mas alguém dará importância ao que diz e desdiz Trump, a começar pelos que

Fotografia de odia.ig.com.br
nele votaram?). E umas imagens: as dos cubanos de Miami a festejarem. Entretanto vi aí pela imprensa muita coisa desagradável para se dizer de um morto.
Ocorreu-me uma recente crónica de FF no DN, a propósito da acusada de corrupção dirigente espanhola do PP Rita Barberá, que na morte recebeu palavras de circunstância de Rajoy (o qual dela se afastara antes), e um ostensivo silêncio do PODEMIOS numa homenagem formal

Fulgêncio Baptista, o ditador derrocado por Fidel, que passou de sargento a general e enriqueceu no seu Poder corrupto, fotografia da Wikipedia
do Parlamento.
Portanto, na hora da morte, o melhor é seguir o Imperador romano Caracala, e deixar os maiores elogios a todos os mortos «desde que tenhamos a certeza de que estão bem mortos». Pode ser hipócrita, mas é um costume de civilização.
Na minha idade, pertenço aquela categoria de gente que começou por ver Fidel como um herói romântico, e acabou a detestá-lo por ser um ditador. Mas não vou nunca esquecer de que em Cuba, afastou um ditador ainda pior e mais sanguinário que ele, e sobretudo muito mais corrupto e indiferente à população – o tal Fulgêncio Baptista, que por cá iniciou um doirado exílio de enriquecido no Poder. Ditador mau, mas que afastou um ainda pior. Coitados dos cubanos (embora não lamente tanto os mal comportados de Miami).