
Mourinho Félix a discursar na AR, fotografia da SIC Notíciazs
Os jornais de ontem, já como a Televisão de anteontem, destacavam enormemente um ‘escândalo’ passado no Parlamento, porque o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Mourinho Félix, dissera ao deputado Leitão Amaro, do PSD, o seguinte: «…revela uma de duas coisas: ou um profundo desconhecimento de regulamento do RGIC, ou uma disfuncionalidade cognitiva temporária…»
Desatou então o Parlamento, enfim, a bancada do PSD, num desatino indescritível, com berros, apupos e batidas nos tampos das secretárias parlamentares, contra a ofensa que acabava de ser proferida. O próprio presidente da Assembleia admoestara o orador, dizendo-lhe não ser costume da Casa o uso de excessos de linguagem. E a berraria foi tal, que para prosseguir a intervenção, o dito secretário de estado teve de pedir desculpas.

Leitão Amaro, fotografia de viseumais.com
Para quem viu o que foi a governação do PSD de Passos Coelho, ou os excessos parlamentares por esse mundo fora, ficou sem perceber tamanho desatino. ‘Disfuncionalidade cognitiva temporária’ não parece ser um grande insulto. Não parece sequer ser insulto nenhum. Ferreira Fernandes, do DN, embora reconhecendo não saber o que era o ‘RGIC’, admitiu que o insulto estivera aí: na acusação de desconhecimento do RGIC. Mas não: ficou depois claro que os deputados do PSD se sentiam insultados mais com a ‘disfuncionalidade cognitiva temporária’. Nem sequer abordou a questão tão falada dos conflitos de interesses de Leitão Amaro.
Enfim, para quem não soube governar, e não sabe agora fazer oposição, pode ser que viver destes escândalos seja o único estratagema ao seu alcance. Mas porquê então o alinhamento na coisa do presidente do Parlamento? E os jornais, ao destacarem o assunto, não deviam fazer como FF, no DN, ou eu, aqui? Não deviam manifestar maior estranheza pelo motivo da algazarra do PSD? Por o maior partido da Oposição, em vez de fazer oposição a sério, se perder nestas algazarras difíceis de compreender?