FMI contra troika (que inclui FMI)

FMI em Portugal, imagem da RTP
Já se viu pela brincadeira das sanções que a própria Comissão Europeia considera agora errada a política económica de Passos Coelho e Mª Luís Albuquerque, em tempos tão elogiada por certos políticos dessa área (talvez Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Ecofin, decepcionado por não haver agora sanções contra Portugal e Espanha, não se limite a ser o tontinho de serviço, mas acumule essa característica com alguma convicção fora de tom).
Ficámos agora a saber que os atropelos aos limites fixados para os défices dentro da UE foram mais de 140, e incluíram todos os Estados importantes que agora gostariam de se vingar em Portugal e Espanha. Ou talvez nem gostassem, e por isso tivessem deixado Jeroen Dijsselbloem (nome já de si impronunciável) a falar sozinho.
E ficamos agora a saber que não é apenas a Comissão Europeia a não concordar com as políticas que a troika

Austeridade da troika, imagem de colunadleitor.blogspot.com
preconizou. O FMI, que se divide em infinidade de equipas (e por isso sempre teve algumas a anunciarem reservas às políticas da dita troika, de que o FMI também fez parte), gabinetes de estudos e funcionários políticos, teve agora mais um gabinete a falar alto sobre o tema: trata-se do Independent Evaluation Office, um órgão independente do Fundo Monetário Internacional que faz avaliações das suas políticas, e que produziu um relatório sobre os programas conduzidos na zona euro durante a crise da dívida pública.
Ora este órgão afirma ter detectado 5 erros principais na acção da troika: 1) as previsões económicas falharam completamente; 2) o impacto da consolidação orçamental foi sempre subestimado; 3) o pacote de financiamento foi excessivamente curto; 4) houve insistência em estratégias erradas depois das metas falharem; e 5) a célebre desvalorização fiscal nunca existiu.

Fotografia do Expresso
Provavelmente, para estes especialistas, a austeridade até terá sido menos do que a devida. Mas sobretudo foi mal feita – e sacrificou sem vantagens os povos que a engoliram sem protestar.
Apesar de tudo, reconhecem-se 3 objectivos conseguidos: 1) regresso aos mercados; 2) retoma económica; e 3) reformas estruturais.
Claro que no balanço entre as duas coisas, a lista de insucessos pesa muito mais.
E segundo especialistas que escrevem nos jornais, estes críticos do FMI nem tiveram em conta aspectos tão relevantes como o desconhecimento alerdado dos tecidos sociais para que preconizavam medidas.
E agora só podemos sorrir quando vemos os mesmos que saltavam a cada mês de entusiasmo com números no fundo

A tiazinha do FMI, imagem de alfaind.br
negativos, virem, perante sucessivos números muito mais positivos, dizerem que só lhes interessa os dados a partir de Setembro. E se esses dados continuarem a ser muito melhores do que os do Executivo de Passos, talvez nem os de Setembro lhes interessem.
Para já, desde que Passos passou pelo Governo, este ano em que ele já lá não está é o primeiro em que ainda não se declarou a necessidade de um Orçamento Rectificativo, Portanto, para já, tudo vai muito melhor do que antes. E não só por ter acabado uma desnecessária tensão política em que se vivia.