Os negócios da Saúde prosperam com mau SNS

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Li no Expresso Diário, há dias: os gigantes da saúde privada em Portugal facturam, em cada hora que passa, €112 mil, o que dá €2,7 milhões por dia. Conclusão da análise dos relatórios e contas dos grupos José de Mello Saúde e Luz Saúde. Verifica-se que o seu crescimento continua a estar bem acima do da economia portuguesa, mostrando que a saúde privada, com o SNS beliscado sobretudo pelo anterior Governo, mas em geral por todos os Executivos posteriores à sua criação (por iniciativa de António Arnaut, recentemente condecorado por isso pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa). Apesar de grande parte dos seus lucros serem gerados com dinheiros públicos, dos contribuintes, sobretudo nas chamadas PPPs.
E imagino o meu queiró avô António Paulo d’Anunciação, que criou na Ordem Terceira de São Francisco a Jesus, em Lisboa, uma espécie de Fundação que incluía o Hospital de Jesus, na R. da Arrochela, um Lar para senhoras idosas (de vários rendimentos, incluindo nenhuns), na S. Fiulipe Néry, e um colégio para raparigas pobres (quando era difícil estas poderem estudar) na R. da Quintinha – imagino esse querido avô, apesar de salazarista convicto, a dar voltas na sepultura com o negócio privado em que se tornou a Saúde. E imagino o meu querido pai, Luís Gonzaga d’Anunciação, que não era socialista, mas continuou a gerir a obra do seu pai, e que conseguiu manter o Hospital de Jesus como o melhor de Portugal na sua altura (não havia Hospitais públicos decentes antes do 25 de Abril), e que deixou tudo preparado para a Ordem Terceira de São Francisco a Jesus ter o melhor grupo hospitalar moderno, com um hospital novo na Luz servido pelos melhores médicos da altura (e tudo foi por água abaixo), a dar também voltas na sepultura.
Claro que nesta altura a Saúde não era um negócio (que vergonha para nós todos sê-lo agora, nncia prºopria o viabilizameles que o fazem)o-se s de €620, basta ter uma doençazinha pequena para nia) dizer-me que sempre trabaós que o permitimos, e eles que o fazem, mais os que o viabilizam), e os médicos não eram burocratas (tratavam as pessoas mesmo sem ganharem nada com isso). Mas ainda há pouco tempo, um médico que teimava em não ser burocrata (o último bastonário que me lembro de não o ser claramente foi o Dr. Gentil Martins), talvez porque pudesse não o ser (quer porque não tinha necessidades luxuosas, quer porque devia possuir meios pessoais para a vida austera que fazia) dizer-me que sempre trabalhara só no sector público, e nem aí ganhava verdadeiramente nada porque tinha de pagar aos seus doentes a vinda aos tratamentos necessários.
Também reparei por experiência própria que um reformado hoje, não estando isento de taxas a partir de uma reforma de €620, basta ter uma doençazinha pequena para não conseguir sobreviver a ela, mesmo tratando-se só no público. Mata mesmo, este sistema económico, como diz o Papa Francisco. Mas alguns ganham muito com isso…