O cheiro salazarento denunciado por Paula

Fotografia dom Público

Uma declaração feita pela ministra da Justiça do anterior Executivo de Passos Coelho, Paula Teixeira da Cruz, contra o ‘salazarismo bafiento’, no 25 de Abril, foi entendida por muitos como uma resposta negativa do seu partido, o PSD, aos apelos presidenciais e governamentais de consensos. Mas afinal quem lhe daria razão para a declaração seria a sua colega de partido e ex-governo, a anterior ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sempre promovida no PSD por Passos Coelho, numa entrevista que daria pouco depois ao DN. Sobre a falta de ética da sua contratação pela Arrow (criticada até, ao que parece, pela generalidade dos deputados da sua Bancada), diria ela: «A questão de ‘em política o que parece é’ é uma citação de Salazar e eu, citações de Salazar, não aprecio». Ora se a ex-ministra não fosse relativamente ignorante, saberia que a citação é realmente de Salazar, mas não só dele, e que a frase é muito mais antiga. Por exemplo, os romanos diziam: «Não basta à mulher de César ser séria, é preciso também parecê-lo». Não basta sê-lo, é preciso parecê-lo.

Fotografia do Dinheiro Vivo

Mas, enfim, Maria Luís deu um inestimável valor à frase da sua colega Paula. E já está a dar um inestimável contributo para podermos compreender definitivamente como o seu líder Passos Coelho, inventado por Relvas e por ele trazido para a liderança partidária, vê a política e como se rodeia. Parece que actualmente a democracia não faz disso um pecado, e que há até muita gente que prefere votar em quem viola as regras da decência. Mas para os outros, ficamos conversados. Para os outros, o PSD é definitivamente mais o de Marcelo, que tem muito a ver com as origens do Partido, com a ética e com a decência política.