Vinagrete 18.03.29 – O perigo dos incêndios

O perigo maior dos incêndios, neste momento, não me parecem ser os incêndios em si – mas sim as recomendações de uma comissão independente chefiada por um tal João Guerreiro, e aparentemente muito mal informada, mas que passa por ser omnisciente.

João Guerreiro, um sabe tudo de incêndios, Público

Esta minha ideia de que a dita comissão está muito mal informada, tem a ver com o saber da vida. O brasileiro Millor Fernandes cunhou uma frase, que é agora símbolo de uma secção fixa da revista do Expresso, e que diz assim. «Quem sabe tudo é porque anda muito mal informado».

Já na antiguidade clássica, Platão terá afirmado: «Só sei que nada sei». Ao longo do tempo, os filósofos, e em geral a gente do saber, foram aperfeiçoando essa máxima para esta de igual significado: «Quanto mais sei, mais sei que nada sei». À medida que as pessoas vão tendo conhecimentos e sabedoria, percebem o pouco que sabem. Por isso é típico que quem se acha muito sabedor, é porque na realidade sabe muito pouco. Como bem notam o brasileiro Millor Fernandes e o Expresso. Mesmo em profissões onde é importante haver uma ideia de sabedoria, com tomadas rápidas de decisões (caso sobretudo da área empresarial), sucedem acertos casuais (no melhor dos casos, fala-se em intuições acertadas), com grandes vantagens, seguidos de autênticos fracassos das mesmas pessoas (que acabam por cair em desgraça).

O grande problema do combate aos incêndios hoje em dia, depois de assistirmos às desgraças do ano passado (começadas na Primavera-Verão, e repetidas em Outubro), não é tanto a atitude dos combatentes (que se supõe ser sempre das melhores), mas o facto de se estar a dar demasiada importância a uma comissão tão pouco sabedora. E tão pouco, que considera previsíveis condições (as atmosféricas, por exemplo), que mais ninguém, achou previsíveis (a começar pelo IPMA, a isso especialmente dedicado).

O pior é o tal Guerreiro achar que sabe tudo, e não entender como é fácil «fazer prognósticos depois do jogo»,

Perante isto o que interessam os Kamov? E os que defendem que a ANPC devia aceitar tudo dos privados, só para conseguir ter meios aéreos suficientes dentro do prazo estabelecido?

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