Cada vez se torna mais claro o confronto entre o interesse dos investidores e o da maioria da população, incluindo trabalhadores. Antigamente, achava-se que a democracia ia deixar os interesses destes investidores sem defesa, por estarem sempre em minoria. No

Bolsas, fotografia do Jornal de Negócios

entanto, há maiorias, mesmo claramente prejudicadas, que elegem preferencialmente representantes dos tais investidores.

Caso de Trump e da Reforma Fiscal que vai exigir maiores sacrifícios aos trabalhadores, para diminuir os impostos das grandes empresas e maiores fortunas. Claro que as Bolsas americanas desataram logo a subir, e houve até quem achasse isso óptimo.

Cá mais perto, em Portugal, temos visto como as empresas ‘descobriram’ o milagre de se valorizarem imediatamente, apenas com o despedimento. O caso mais recente e estrondoso terá sido o dos CTT, que serve apenas para alguns poucos ganharem muito dinheiro, neste caso nem todos os investidores, e para perderem o país (uma delas, ficando sem um serviço essencial que competiria ao Estado assegurar, e que seria bom também ver aí uma diferença entre a Direita e a Esquerda) mais os trabalhadores.

Na Catalunha, viu-se a interferência enganosa das empresas na campanha eleitoral, mudando as suas sedes, quer por causa dos estímulos fiscais que Madrid lhes ofereceu, quer para não saírem da UE.

Enfim, está claríssimo que os interesses das empresas não coincidem com os das populações, antes muito pelo contrário. No entanto, as empresas são necessárias, e por isso também não podem ser demasiado mal tratadas.

Não ao ponto de lhes cederemos em tudo (como apareceram alguns a defender na AutoEuropa), nem de as atacarmos em tudo (como outros gostariam).