
Gentil Martins, fotografia do Expresso
Talvez eu seja suspeito, por ter simpatizado com a sua luta contra a burocratização da Medicina, quando foi bastonário dos Médicos. Sabia que era uma luta inglória, que ia contra os ventos e as marés do tempo, mas apreciei-a. Sabia que da esquerda à direita os novos médicos, talvez esses que têm licenciaturas com grandes notas em vez de vocações profissionais (e por isso é tão difícil fazê-los trabalhar onde o dinheiro não abuda, sem estímulos monetários muito gordos – eles que afinal são a única classe profissional com rendimentos garantidos logo à saída da Faculdade), só pensavam em regulamentar os ganhos da actividade, em diminuir-lhe os incómodos das chamadas fora de horas. A burocracia na Medicina tornou-se uma posição geral dos médicos, muitos deles já nem tão novos como isso.

convicções deturpadas, imagem de ponteeuropa.blogsopt.com
Agora caiu o Carmo e a Trindade por ele afirmar as suas convicções em relação a temas como a homossexualidade, a eutanásia e os ronaldos que compram filhos sem mães como quem compra batatas ou brinquedos. Admito que ele possa ter exagerado e magoado a mãe de Ronaldo, por muita razão que as sua convicções lhe dessem (são os tempos…). E, no entanto, as suas posições sobre estas matérias (que ele, embora afirmando-se católico, declarou não serem confessionais, e até surgirem abrigadas na Constituição Portuguesa) são perfeitamente admissíveis. Mais do que pretender-se normalizar um pensamento único. Lutemos ao menos por essa liberdade de pensamento e de expressão. Como diria o poeta, ‘não pode cortar-se a raiz ao pensamento…’