
Ambos imprevisíveis, ambos aldrabões, mas ambos com linguagens distintas, fotografia de Pakistan Today
Quando eram só os países árabes a aldrabarem, já estávamos acostumados. O problema é o Ocidente, onde só os maiores medíocres acreditam que a política se faz a mentir cair também nesse exagero. De tal maneira que com Trump se começou a falar na ‘pós-verdade’ e nas ‘falsas notícias’, com a maior naturalidade. Que se espalharam depois da constatação de que assim conseguiu ser eleito, e assim continua a agir, (ora fazendo alguns disparates anunciados, ora reconquistando os políticos clássicos à custa de umas bombas atiradas por aí sem a menor piedade e sem nenhum problema de consciência).

Fotografia da RTP
Quando Assad desmente a existência pura e simples de qualquer arma química, está a portar-se como aqueles árabes mentirosos, a que já nos tínhamos habituado. Ele poderia apenas desmentir responsabilidades pessoais nas armas químicas (apesar das investigações que lhas atribuem), mas admiti-las usadas por outros. Ao ser tão enfático e geral, ainda por cima depois de comprovada a existência das ditas armas químicas, só podemos ficar com a certeza absoluta de que mente.

Fotografia do Sol
E agora é a vez de Cavaco Silva, apesar do ar seco e soturno que lhe aumenta a imagem de veracidade. Como vem ele desmentir, no seu último livro, que Fernando Lima, ao serviço de Belém, tenha dito uma coisa (a tal espionagem do Governo de Sócrates sobre a Belém cavaquista) que o próprio afirma ter dito noutro livro que também ele escreveu? Cavaco só se compreende tendo em conta a tal máxima. ‘Quem acha que sabe tudo (como é o caso dele), é porque anda muito mal informado (também obviamente o caso dele, como se vê por este livro que acaba de lançar). De resto, no seu livro, se o lermos com alguma atenção, depreendemos que passou a vida a ser enganado por um primeiro-ministro que ele qualifica de muito (demasiado para o seu gosto) liberal, e por toda uma quantidade de comentadores – depreendendo-se que por também amigos informais que ouvia. E o mais

Livro de Fernando Lima, fotografia da RR
curioso de tudo é ler Alberto João Jardim, a garantir que afinal Cavaco lia tudo, e sabia tudo o que se escrevia. Portanto, talvez seja afinal um precursor das fake news, que adora fingir não ler jornais.
A propósito de diferentes linguagens (há quem pense que o problema na 1ª Guerra do Iraque foi esse, o da diferença das linguagens: quando Bush pai dizia ir pensar se bombardeava mesmo, significava que os aviões com as bombas já iam a caminho, e com ordens para as despejar; ao passo que Saddam, quando ameaçava com a mãe de todas as guerras, ainda só queria evitar uma simples batalha), o mais certo é EUA e Coreia do Norte voltarem a desentender-se quanto ao estilo, e a entrarem assim numa guerra, que eu apostaria ir deixar Pyongyang de rastos, e sem capacidade de reacção.