
Tabacaria Martins, ao Camões, fotografia da Rádio Comercial
Esta coisa de os jornais esperarem que lhes caiam notícias ao colo, em vez de promoverem investigações e notícias segundo critérios jornalísticos, lá continua a dar os seus normais problemas: um dos mais usuais é o das chamadas ‘lojas históricas’. E o que são afinal estas chamadas ‘lojas históricas’? São uns estabelecimentos comerciais, normalmente muito bem situados, que se habituaram a não pagar rendas de casa (ou seja, a pagá-las tão antigas, que nem contam), podendo

Lojas históricas, luvaria Ulisses, á R. do Carmo, fotografia do Público
contabilizar como lucros pessoais essa despesa dos comércios normais, e fazendo-lhes assim uma dupla concorrência desleal (não só por não terem tantos encargos, como por se situarem normalmente muito bem). Em suma, comércio que foge às regras dos mercados.
Vem-me sempre à ideia um conhecido, à porta de uma loja de Lisboa que eu estava a considerar lindíssima, a dizer-me que devia ser ele o dono. E explicava-me então que era proprietário do edifício, e praticamente não recebia renda da loja – pelo que

Lojas históricas, A Pedra do Bulhão, no Porto, fotografia de pportomuseus.pt
achava dever ser seu sócio. A história é mais dramática do que engraçada, e já tem uns aninhos, pelo que não sei se a situação se mantém.
Agora os jornais falam numa Tabacaria Martins, ao Camões. Porque é que a Tabacaria Martins, se não ganha dinheiro para pagar renda, está ali aberta? E a pressão pública tem sido tão grande, que já parece terem chegado a acordo, proprietários do edifício e Tabacaria. Ao menos, ficamos a saber que haverá obras de conservação, que evitarão danos de maior à clientela. Só faltava ser o senhorio, que não cobra renda verdadeira, a pagá-las.