Vinagrete 16.10.14 – Viva Bob Dylan!

Fotografia de El País

Fotografia de El País

Parece que não caiu bem junto de muita gente o Comité Nobel insistir este ano em não atribuir o seu enorme Prémio a um cultivador da literatura clássica.

O laureado deste ano é Bob Dylan, n.1941, compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano. Ele é conhecido especialmente como cantor de baladas, e intervencionista-activista. Lembro-me bem das suas posições contra a Guerra do Vietnam. Menos das lutas civis a favor dos pretos (a quem alguns chamam depreciativamente negros, como se preferíssemos ser chamados de claros, a brancos). Mas nos anos 60, um miúdo como eu, ficava fascinadamente crítico de saber que os EUA

Fotografia da RTP

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continuavam a ser dramaticamente racistas. E todas as posições antirracistas, de Kennedy aos Beatles, passando por Dylan, pareciam tão naturais, que não me detinha a dar por elas, embora reconheça hoje a sua importância. Resumindo: Dylan foi um homem de causas (na minha opinião de boas causas), e até por elas vogou na política apartidariamente, entre o Partido Republicano (que não foi sempre dominado por Trumps e Bushs filhos) e o democrata.

No ano passado, o Comité Nobel escolheu uma jornalista, que também não correspondia ao perfil clássico de certos saudosistas das divisões claras.

Fotografia de eldiario.es

Fotografia de eldiario.es

Por mim, digo ‘viva o Dylan’ (que conheço também como católico antigo, de ver as suas músicas entrarem pela Capela do Rato, quando esta começou a sair dos cantos latinos – hoje já não se pode com os maus coros das Igrejas, que não deixam tempo livre às missas. E viva o Nobel do ano passado à jornalista bielorussa Svetlana Alexievich.

Já no século passado, a Associação Portuguesa dos Jornalistas e Homens de Letras, sediada no Porto, não distinguia os jornalistas dos escritores. O Extraordinário é ver os bafientos que odeiam estas atitudes progressistas dos membros do Comité Nobel chamarem-lhes senis. Penso estar bem à vista aqui quem é o senil. E com isto me calo, radiante com o Nobel da Literatura a Bob Dylan. Viva Dylan, poeta, escritor, pintor e compositor. Vivam os que vêem para além do nariz. E vivam também os outros, na sua pobre limitação.

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