O que é afinal o TTIP?

Fotografia de albertoalemanno.eu
Muito bem. Sabemos que o TTIP, que está a ser negociado em segredo desde 2013 entre os EUA e a UE, é sigla de Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento (na sigla inglesa e americana TAFTA – Transatlantic Free Trade Agreement). Também sabemos que se pretende forçar a UE a desregulamentar quase completamente todo o mercado, de modo a deixar as grandes empresas apoderarem-se de forma mais clara da globalização e dos governos. E esta última parte devemo-la à fuga de informação da responsabilidade da Greenpeace, que teve ainda o mérito de pôr o tema em destaque.
Os maiores jornais internacionais começam agora a dar atenção ao assunto. Reconhecem-no ‘chato’, mas importantíssimo para todos os cidadãos.
Um Expresso curto desta semana adiantava que 600 mil postos de trabalho, segundo as últimas previsões, desaparecerão na União Europeia com a aplicação do TTIP. Realçava o facto de os euroburocratas se terem posto a negociá-lo em segredo (como de resto é seu costume, fazerem tudo em segredo e nas costas dos cidadãos), sem darem informações da matéria a ninguém – nem Parlamentos nacionais, nem Parlamento Europeu, nem ninguém mesmo (de coisas essenciais saídas pela fuga de informação, e não do que têm realmente informado). Adiantava apenas que os defensores do acordo, como Luísa Santos, diretora das relações exteriores da Business Europe, uma estrutura do patronato europeu, citada há dias pelo El País, sustentam que «as pessoas que protestam estão contra a globalização e o comércio internacional em geral». Declarações destas mais os segredos são motivos suficientes para nos porem de sobreaviso – ainda por cima num tempo em que a crise alastra para todos e aumenta o poder e os lucros das tais grandes empresas internacionais.
Felizmente, a Greenpeace conseguiu promover uma fuga de informações acerca da matéria.
No Expresso Diário, Mark Dearce, pertencente à ONG War on Want, afirmou que o TTIP representa «a maior tomada de poder pelas grandes empresas a que se assistiu numa geração». Portanto, ainda maior do que aquilo a que já temos assistido (os portugueses com a dor especial de terem sofrido 4 anos o Executivo de um Passos Coelho subserviente a esta gente, ‘estes gajos’, como diria criticamente o saudoso José Fonseca e Costa, de que se estreou agora o seu último filme, Axilas).
Está na hora de acabar com segredos e obrigar esta gente a deitar cá para forma informação oficial e fidedigna sobre o que é afinal o TTIP.
Mas afinal, sobre o TTIP em concreto, ficamos a saber que havia pressa em aproveitar Obama no Poder para o concluir, e temos uma ex-esquerdista e convertida à moderação democrática (o que é raro no ex-esquerdistas, sobretudo os ex-maoístas que por aí pululam na imprensa nacional), como Teresa de Sousa, a defender o Tratado. E temos uma ex-ministra das Finanças da direita dura, embora também democrata, como Manuela Ferreira Leite, a criticar pelo menos o secretismo em que está a ser negociado. Estou sem saber para onde pender. Venha a informação clarinha.