Segundo uma sondagem, feita por não sei quem, mas publicada num jornal, houve 8 milhões de portugueses a verem os debates para as presidenciais. E se tantos os viram (por pouco não ultrapassaram o número dos portugueses residentes em Portugal), se tantos viram aquela charupada – eu considero-me inegavelmente interessado em política, voto quando posso, e não os vi, nem os comentários que se lhes seguem – é porque acabou o excesso de abstencionismo. Que, a crer na sinceridade das pessoas que acompanharam o 25 de Abril, nunca deveria ter existido.
Eu nunca acreditei. Sempre pensei que um regime, para durar tanto, devia ter uma base sociológica. Minoritária sim, mas tê-la. E aí está, a comprová-lo, o excesso de abstenção (a mostrar que as pessoas gostam pouco de votar) e o voto na extrema-direita (que é só ideológico, já que eles mostraram bem não saber governar).
Até um tipo medíocre como Ventura bete recordes de audiências, só por ser de extrema-direita. E eu espero, sinceramente, que seja só de audiências. Apetece-me acreditar numa irmã minha, que garante não votar nele. Mas não perde uma ida sua à TV, sobretudo se anunciada, para ouvir na televisão a quantidade de disparates que ele, e só ele, costuma dizer. Feitios. Bem distintos do meu.