Para perceber melhor a posição do PCP contra a Ucrânia, inexplicável na esquerda democrática, é melhor conhecer alguns dos seus dirigentes.
E quando falo em conhecer melhor os seus dirigentes, não refiro apenas Álvaro Cunhal. O Dr. Cunhal, depois de escolher cuidadosamente os membros do Comité Central do partido, aceitaria as suas decisões maioritárias, pois era internamente um democrata. E quando digo internamente, quero só dizer internamente. Externamente, o PCP gostaria apenas de ver o 25 de Abril substituir Salazar por Cunhal.
Vamos então falar de Miguel Urbano Rodrigues que, como ex-director do matutino O Diário, jornal afecto ao PCP, e ex-director do Avante, órgão oficial do partido, contribuiu para a formação de muitos dirigentes comunistas. O pai, um agrário da região de Moura, condição com a qual o filho nada tinha a ver, escolheu os 2 primeiros nomes, próprios (o segundo, Urbano, ficou, inclusivamente, um nome de família), por motivos ideológicos. Miguel, porque era miguelista. O filho até fora para o PCP imbuído das discussões miguelistas do pai. Já o Urbano, devia-se à veia católica muito conservadora do pai, que naquela altura só se via em certos sítios da província. O último Papa Urbano que houve foi o VIIII, do Séc. XVII, e nenhum dos seus sucessores elegeu para si o cognome. Urbano VIII caracterizou-se por 3 razões, 2 delas muito temporais: por ter sido um grande mecenas da arquitectura, e por ser o último Papa a alargar os domínios papais. A 3º razão é esta: por ser no seu tempo de Papa a condenação de Galileu pela Inquisição.