‘A melhor carne é a do peixe que morre feliz’ – dizia-se num artigo do semanário Expresso sobre ambiente, que focava aspectos da felicidade animal e das medidas a propósito de Bruxelas. De facto, quem havia de querer um peixe que vivera aborrecido, e que tivera uma morte trágica.

         A carne do peixe feliz é não só a melhor, mas também, compreensivelmente, a mais cara.

         Espera aí: para o preço do peixe não interessa apenas a sua felicidade, mas sobretudo a sua frescura, e se é do mar (muito mais infelizes, a debaterem-se com a rede ou com o anzol) ou de cultivo. E os peixes infelizes, os do mar, são precisamente os mais caros. Já a preços proibitivos para um cidadão da classe média. E as medidas de Bruxelas destinam-se apenas aos peixes de cultivo. Tornando todos mais caros. A não ser que sejam para ser comidos só pelos senhores de Bruxelas. A mariscada que vai para a mesa, então, é infelicíssima. Sempre quero ver se se metem com ela.