Os eleitores portugueses votaram na sua maioria a favor da instabilidade, com Luís Montenegro.
Dizia-me alguém, e eu acredito, que Montenegro estaria disposto a perder estas eleições (como seria lógico), para se dedicar à actividade privada, sem estar sujeito a mais chantagens. E, além disso, sem ter de rever a sua posição pessoal, de não se aliar ao Chega. Ainda por cima, não haverá um Governo mais instável, do que o dependente dos humores da gente do Chega.
Nesta situação, eu, Pedro d’Anunciação me confesso, de mudar demasiado rapidamente de posição, para agora passar a defender a aliança PSD-PS (que antes me parecia pior, pois limitaria a necessária alternativa a que estávamos habituados).
A verdade é que (embora continuando a achar-me mais clarividente do que a maioria do eleitorado) nunca tinha imaginado que a maior parte dos eleitores arriscassem assim a instabilidade política, e conheço suficientemente bem o PSD, para o ver alterar a liderança, em caso de derrota eleitoral. E a exigência mínima que o PS deve fazer ao PSD para se aliar, é essa: alterar a liderança.
Porque Montenegro, apesar de ter muita coisa a seu favor nestas eleições (a começar por todas as sondagens) não conseguiu arrancar. E isso foi fatal para o PSD e para o País.