O Dr. Mário Soares completaria hoje 100 anos de vida, e tem sido alvo de todas as homenagens (mais do que em vida, porque ele não as queria), com destaque para as do Parlamento. O João Soares, que foi meu colega na Faculdade, embora mais velho, é impressionantemente parecido com o Pai, como o são poucos filhos.

         Todos temos histórias interessantes para contar dele, um homem que amava a vida sobretudo, e a quem devemos principalmente a democracia parlamentar. A quem também devemos a entrada na UE, contra a esquerda e a direita da altura, mesmo as do seu partido. Mais como um projecto político, que na sua opinião garantia a democracia, do que económico.

         Os que arranjaram coisas para dizer pior dele na Assembleia, foram os mesmos que defenderam muito o 25 de Novembro, sem fazerem ideia do que foi, e por isso as suas palavras pouco sábias não interessam.

         Como bom europeu que era, estava tão pronto para ganhar eleições, como para perdê-las. Mitterrand nunca teria sido Presidente de França, se não tivesse perdido eleições.

         O Dr. Soares achava que ‘quem não arrisca, não petisca’. Por isso ele prognosticava um futuro político a Barroso. Por estar disposto a sofrer todas as humilhações sem abandonar o cargo (então, de líder do PSD). Não significa isto que ele fosse igual: o Dr. Soares tinha uma ideia clara do que queria.