Já se viu que os jornalistas não são determinantes nos resultados eleitorais. E se os mais novos ainda tinham dúvidas, basta olhar para o quase empate de votos entre o PS e a AD, nas últimas eleições, apesar de todo o apoio recebido da generalidade dos jornalistas a Montenegro.
Quer isto dizer que não têm influência nenhuma? Também não. E aí está a atestá-lo o Chega, que parece agir só para sair na imprensa, e caiu no goto dela. Ao ponto de um seu representante, continuar a ser convidado para ir a um canal de TV, apesar de interromper todos e nunca obedecer às instruções da jornalista.
Mas tendo em conta que uma parte do eleitorado age pela sua cabeça, parece-me que Montenegro funcionou por um lado bem, e mal por outro. Bem ao colocar-se ao centro, e borrifar-se para o Chega, demarcando-se mesmo de algumas políticas mais à direita do seu tempo, como a que aconselhava os jovens a saírem da sua zona do conforto e a emigrarem. O seu centrismo ficou bem demonstrado, com as inconveniências de Passos Coelho e no debate parlamentar de ontem. Para já não falar no anúncio do novo aeroporto, saudado pelo PS, depois das primeiras negociações de que houve nota. Quanto ao mais negativo, de que não é publicamente o responsável, ainda há tempo para o Executivo recuperar. E eu estou convencido de que o actual líder socialista já atingiu o seu tecto máximo. Não pode é haver eleições legislativas imediatamente, o que também não interessará a ninguém. Vamos ver, para já, o que acontece nas europeias.