Que saudade eu tenho de ler aquele meu amigo, que recuperou da melhor maneira no nosso tempo as crónicas de restaurantes, chamando com um misto de ironia e desprezo ao livro encarnado francês o ‘Guia Miquelino’, aportoguesando a designação, como os espanhóis fazem referindo-se na sua língua aos nomes estrangeiros.
Quanto mais vejo o tal guia, que só nos casos desconhecidos do Oriente louva a comida tradicional, mais fujo dos restaurantes com estrelas Michelin, e procuro os bons restaurantes da comida tradicional, que tanto contribuíram para o bom nome internacional de Portugal. Como compreendo os bons cozinheiros franceses que fogem de tais estrelas.
Com isto não quero pôr de parte os cozinheiros portugueses abraçados pelo guia (como, por exemplo, o José Avillez), que são excelentes. Mas os critérios do guia não me servem.