António Guterres foi ontem o intérprete de muita gente sobre a crise no  Médio Oriente, e deixou Israel a falar sozinho contra ele.

            Se há um consenso bem alargado quanto ao terrorismo do Hamas, também há um consenso, embora menos alargado, quanto ao terrorismo sistemático dos israelitas (e os números das vítimas civis dos dois lados falam bem só por si), Israel fez muito mal a si próprio ao premiar eleitoralmente o assassínio de Rabin.

            Porque os israelitas mostram bem a sua têmpera ao quererem demitir as pessoas que não pensam totalmente como eles. E já se viu que os europeus, formalmente mais democráticos, estão aqui afastados dos EUA. Para completamente antidemocratas, chegam-nos Trump e Putin. De resto, foi bom as TVs mostrarem-nos o secretário de Estado norte-americano a ouvir Guterres num silêncio solene e respeitoso. E sobretudo, a não acompanhar a histeria nada democrática de Israel.