Vejo num jornal que os Guardas Prisionais de Lisboa só no que vai de ano (ainda não passaram os 365 dias), já fizeram uns 312 de greve, 299 dos quais apenas às horas extraordinárias – que isso de ficar sem o ordenado inteiro não é para lutas superficiais.

Prisão, SAPO
Sem querer pôr em causa o direito à greve, será que esta gente merece alguma coisa? Sem sequer achar que os presos devem ter todos os direitos, e até muito mais do que um não preso, podemos dar-lhes razão, aos guardas, ou ouvir placidamente um dos seus dirigentes sindicais dizer na TV que o Governo foi quem os empurrou para esta situação? Qua eles nem a queriam?
Imagine-se o Governo a ceder a todas as reivindicações – sempre muito subjugadas ao dinheiro – da Função Pública (mais professores, médicos, enfermeiros – que certamente ficariam com muito menos trabalhos se os médicos fossem forçados a fazer mais serviços, como nas outras profissões –, juízes, etc.). Por acaso num dia de greve de enfermeiros estava a fazer tratamento num hospital privado, e manifestei receio pelos reflexos da greve. Mas informaram-me imediatamente que só abrangia os serviços públicos, mais os desgraçados que tivessem de andar por lá.
Entretanto, li num jornal que os guardas prisionais tencionam fazer greve no Natal – quadra cada vez mais apropriada pelos não católicos – e que até se dão ao luxo de deixar morrer gente, como uma mulher em Tires, para não terem o trabalho de acompanhar entrega de medicamentos. Vá lá que os serviços mºinimos os obrigam ao que não imaginavam.