Cá estou eu outra vez a braços com um ‘procedimento concursal’, ainda por cima para um lugar na Cultura, mais concretamente na Cinemateca portuguesa, na ‘carreira unicategorial’ de técnico superior para licenciados.

CM de Gouveia
Ficaria mais bem impressionado se nenhum licenciado respondesse, por ninguém perceber esta linguagem bizarra e não portuguesa (de ‘procedimentos concursais’ e de ‘carreiras unicategoriais’), que definitivamente não está agasalhada em nenhum dicionário da língua portuguesa – mesmo nos mais retorcidos por qualquer desacordo ou acordo ortográfico.
Faz-me lembrar das cacofonias de quem não aprendeu que em duas sílabas seguidas com ‘i’, uma delas fica muda. E lá aparece gente nas TVs, por exemplo, a falar em ministros ou militares com todos os ‘is’ bem abertos.
Não estou só numa snobeira de denunciar possidonices, mas de técnicas de linguagem: na nossa boa e alegra língua portuguesa, mesmo muito viva e pronta a evoluir.
Não haverá ninguém, por exemplo um professor da velha escola em que se aprendiam coisas mais sérias, disposto a ensinar os actuais professores muito reivindicativos, sobre estas características da língua portuguesa? E depois alguém que ensine também os ministros, principalmente os da área da Educação e Cultura, e os seus subordinados que põem anúncios para simples ‘concursos’ de ‘carreiras públicas’ – de modo a eles passarem a saber que um concurso é apenas um concurso, e uma carreira pública apenas uma carreira pública, sem se alterarem só por se usar uma linguagem mais complicada e possidónia?