Vinagrete 18.06.04 – O horror de Bruno de Carvalho

Achei graça, e talvez demasiado realista, uma notícia do Inimigo Público, a dizer que Bruno de Carvalho estava chateado com a segurança de Alcochete, por a equipa ter conseguido fugir ao fim de meia hora. Na opinião dele, neste perspectiva que parece cada vez mais verdadeira, os jogadores não deveriam ter conseguido escapar aos energúmenos que lá foram.

Bruno de Carvalho, cada cavadela, uma…, lusogolo.com.

Entretanto, embora um sobrinho meu sportinguista me garanta que as assembleias-gerais não têm sido verdadeiramente representativas dos sócios, a verdade é que a chamada democracia directa está cada vez mais na moda com o acesso de extremistas ao poder (Hungria, Polónia, EUA e até agora Itália). Os extremistas sempre puxaram os galardões da injustíssima democracia directa (havendo até gente, como os grandes defensores do referendo – caso de representatividade semi-directa – certamente bem intencionada). Se pensarmos bem, no Maio de 68, quando os próprios trabalhadores das fábricas desconfiavam dos estudantes que os queriam apoiar (vendo-os antes como futuros patrões e chefes), De Gaulle teria perdido com os miúdos em votação de braço no ar. Talvez por isso eu tenha sido sempre um defensor das democracias indirectas, que elegem representantes dos povos.

Entretanto, Bruno, quando fala, faz lembrar a frase ‘cada cavadela uma minhoca’. Até faz ironia com a saída dos jogadores, certamente a pensar que nunca ganhou tanto dinheiro na sua vida, e que mais pode entrar em comissões. Até o treinador (que me envergonhava no Benfica mas me parece ficar bem no Sporting, o seu clube), arranjado por ele como marca da sua vitória, votou com os pés – como o melhor do plantel. Entretanto, Bruno continua a destruir o Sporting, mas a garantir uma vidinha como nunca tinha imaginado. E uma senhora a si afecta apontada para um órgão ocupado considera que quem sair não arranjará nenhum clube honesto – mas continuará a viver na desonestidade própria do Sporting.

Só digo que os adeptos dos outros clubes, embora rejubilem com a permanência de Bruno, não devem tender a brincar com isto. Porque novos ricos nas direcções dos clubes é problema que deve afectar os maiores – com todas as desvantagens inerentes. Não é só o Bruno do Sporting.

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