Vinagrete 18.05.16 – Justiça portuguesa rende-se a Poder angolano

Marcelo e Lourenço, Público

Sempre pensei mal da Justiça portuguesa. Agora, penso ainda pior. Devo dizer que tive experiências directas que me fazem não acreditar nela. Com que então, o Tribunal da Relação de Lisboa, contrariando o Ministério Público, cedeu agora às pressões para deixar o julgamento de Manuel Vicente a Luanda – o que significa não ser julgado por um alegado crime cometido em Portugal, e que cá devia ser julgado (como acontece em todas as Justiças do Mundo, a única competente é aquela do território onde ocorre o crime, e não a da origem do criminoso – que assim já se sabe ficar livre). Seria anedótico pensar que uma Justiça, obviamente ainda pior do que a nossa, poderia ser boa e isenta, num país em que as autoridades se dão ao luxo de pressionar as Justiças alheias, como a nossa!… Enfim, estes nossos políticos de agora, seguindo o suposto pragmatismo de Executivos mais conservadores de antes, também bem podem limpar as mãos à parede. Mas, enfim, vai receber calorosas palmadinhas nas costas das autoridades portuguesas (vergonha minha enorme) e angolanas (que só poderiam ser desagradáveis para alguém honesto).

Costa e Lourenço, Expresso

Claro que tenho uma embirração especial por esse Manuel Vicente, que soube insinuar-se junto de José Eduardo dos Santos, para ser um dos seus principais colaboradores, e agora se insinuou junto de João Lourenço, como pessoa indicada para ajudar a desmantelar o ‘santismo’ de que fez parte. Por mim, acho Vicente talvez pior ainda do que José Eduardo dos Santos. Ele é a imagem perfeita da tralha que rodeava o ex-Presidente angolano. Talvez esses defeitos sejam suficientes para a Justiça portuguesa se encantar com ele, e ceder às suas, ou por interpostas pessoas, pressões. Ainda o veremos dar mais cambalhotas, imaginando já (ao menos fico com este prazer) como Lourenço será umas das suas próximas vítimas.

Que saudades de Mário Soares e da sua fama nalguns sectores apoiantes da corrupção africana de ‘racismo’. Claro que aquilo não era racismo, mas honestidade. Como esta espécie de Justiça, enerva-me o suposto pragmatismo de uma certa Direita nacional, que sempre encheu os bolsos africanos, à espera que na volta lhe calhasse um pouco desses bónus a entrarem mais discretamente assim por cá.

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