Vinagrete 18.05.14 – Eurovisão

Cheguei a achar graça à possibilidade de a Áustria vencer o Festival da Eurovisão. Não porque achasse particularmente boa a sua canção, ou o intérprete, mas por me divertir ver um País que elegeu consciente e deliberadamente, num desafio ao mundo, um ex-nazi conformado para a Presidência da República, e seguir a essa confirmação, ser agora representado por uma canção em inglês, interpretada por um negro. Tudo o contrário do que devem ser os seus sentimentos arianos e germano-nazis.

RTP

Também foi engraçado ver a Alemanha representada por um gandulo a cantar em inglês. Pessoalmente, preferia que não ganhasse nenhuma canção que fosse usar a língua inglesa (por oportunismo cosmopolita e afastamento completo de enraizamento, universalidade e competências), quando não é a língua do Pais representado. O inglês de Israel é mais aceitável, porque apesar de ser mal falado, e com um sotaque excessivo, é o idioma que estamos habituados há muito a ver falar os seus habitantes (que guardam o israelita para intimidades maiores).

Terei eu gostado muito da canção israelita: pois não. Mas não chegaria ao ponto de ser tão enfático nesse desgosto como o foi Sobral, que ainda por cima teve de lhe entregar o prémio. Netta, a intérprete, pode ter sensibilizado muita gente pelas suas desventuras físicas. Mas ela não sabia realmente estar perante uma câmara de TV, e com aqueles tiques excessivos parecia sentir-se melhor na lonjura íntima de um palco. Para não falar no mau gosto de começar já a agitar politicamente o tema infeliz, tão caro a Trump e Netanyahu, sobretudo demasiado excludente (que exclui, todo o contrário de agragador), de Jerusalém.

Mas, enfim: a Toy faz-me lembrar os tempos em que a canção portuguesa ‘os passarinhos a bailar’ fechava a noite dos Stone’s, com toda a gente a dançá-la com aquele movimento passarinhado de braços – e ainda com as pernas a baixarem-se para mais próximo da altura de um pássaro pequeno.

De resto, Salvador Sobral, mostrou um nadinha do seu novo disco em português, ‘Mano a mano’, fazendo prever coisas óptimas. Mas a interpretação ao lado e Caetano Veloso, da canção que venceu o ano passado, com acompanhamento do grande pianista Resende, veio comprovar que o brasileiro não só canta muito melhor, mas tem ainda uma muito preferível presença em palco. Eu sei que é mais velho, e teve muito ano para se apurar. Mas era capaz de jurar que sempre foi melhor do que Sobral, mesmo quando teria 20 anos, e que Sobral nunca será como ele, mesmo quando for muito mais velho.

E uma palavra para a apresentadora de maior sucesso nas redes sociais junto dos estrangeiros: Filomena Cautela. Não é para admirar: tem outro nível relativamente a miúdas simplesmente engraçadas como Sílvia Alberto ou Catarina Furtado, essas 2 nada mais que apresentadoras. Admirou-me ter passado quase despercebida a actriz americanizada Daniela Ruah, afinal a que falava melhor inglês das 4. Mas sim, Filomena tem outro nível.

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