Sou dos que pensa que não vale a pena repetir o que já está dito. E estou convencido de que, tendo agora caído todos em cima de Manuel Pinho, estará dito que há uma diferença entre responsabilidades políticas e éticas, por um lado, e jurídicas e legais, pelo outro lado.

Pinho, Salgado e Mexia, visao.sapo.pt
Assim, cabe a primeira parte à Assembleia da República, como estranhamente propôs demasiado tarde o PSD de Rui Rio, levando outros atrás, ainda mais tarde. E só a segunda é da responsabilidade dos tribunais e do Ministério Público.
Com a pena de quem sabe ter sido colega de curso de Ricardo Sá Fernandes, advogado de Pinho, devo achar que este não tem razão nenhuma em admitir que o outro quer misturar as coisas, recusando ir falar à Assembleia antes de conhecer todo o processo contra si do Ministério Público, e portanto por este ser bem ouvido e notificado. Embora, no caso de Pinho ser culpado (e só com essa culpa), isto se perceba: ele prefere não falar do assunto, e não se inculpar mais, antes de conhecer a acusação legal – a única que ele no fundo julgará que o vai prejudicar a sério. Porque basta lembrar-nos dele, para percebermos que nada mais o motiva, a não ser o dinheiro – e seguramente nunca a política, se não fosse uma forma de acumular mais dinheiro pela influência traficável.
Pela minha parte, há muito que entendia não perceber a forma como todos viam naturalmente um ignorante como Manuel Pinho a dar aulas em Universidades estrangeiras (coitados dos alunos). O que só se concretizou por haver uma empresa a pagar essas aulas dadas por ele. De modo que me parece que o caso Pinho, como o Sócrates (embora nenhum dos 2 me preocupe já do ponto de vista político, em que o eleitorado parece ter um especial prazer em votar em facínoras encartados e judicialmente comprovados – mas não estando eles já em votação), são e devem ser realmente sobretudo ou somente casos judiciais. Claríssimos.