Vinagrete 18.04.24 – Critério jornalístico nas escutas

O Prós e Contras da RTP1 dedicou o programa de ontem à polémica divulgação em TVs das escutas e conversas de investigação com José Sócrates.

Sócrates e Salgado, Observador

Devo dizer que, como jornalista, não me senti nada representado pelo jornalista que lá esteve. E foi tão escandaloso, que a autora e apresentadora do programa, também jornalista, teve de falar em vários jornalismos, para se distanciar do dele.

É que o critério jornalístico em abstracto é uma coisa. E a sua concretização por cada um, outra muito diferente. E quem quer generalizar tudo, e beneficiar dessa generalização e de uma profissão com deontologia (afinal pouco seguida) séria, é porque na realidade tem muito pouca razão.

Até não me é difícil concordar em que o critério jornalístico se deve basear na verdade, enquanto o dos tribunais ficaria pelas Leis (e nem isso fica, como se depreende desta divulgação, que só pode ter partido dos agentes de investigação). Claro que o critério jornalístico se deve basear na verdade. Mas o jornalista que ali estava não era nenhum deus, possuidor de uma verdade absoluta. E a forma como foram divulgadas aquelas declarações e escutas truncadas, certamente não apontava para verdade nenhuma.

Outra coisa é a ânsia popular de ouvir umas escutas quaisquer. E um certo feitio, também demasiado popular, de ‘emprenhar’ com quaisquer acusações que pareçam fortes (é a tal justiça popular a impor-se ao ‘império da lei’).

Claro que não se pode viver sem jornalismo. Mas, como diria o outro, ‘Deus nos livre deste tipo de jornalismo’.

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