Vinagrete 18.04.06 – Subsídios às artes

Nestas guerras dos subsídios às artes lembro-me sempre de um grande actor, já falecido, que sustentava serem esses subsídios

RR

excessivos a razão de não haver bom teatro em Portugal. E, de fecto, quem viveu num paºís em que há excelente teatro (eu estive 14 anos em Madrid, e lembro-me de gostar mais de um ‘Cerejal? Do Tchekhov que vi em Berlim sem perceber a língua, do que de todos os que assisti em Portugal.

O problema dos subsídios ao teatro é que qualquer actor conhecido consegue ter uma companhia, em que nos faz ver umas peças pobrissimamente montadas, e é impossível conseguir bons actores para formar uma companhia. Os subsídios ao teatro fazem-me lembrar os que recebem as empresas e os gestores (que, segundo muita gente, contribuem para termos dos piores gestores do mundo, com péssimos níveis de produtividade, apesar dos óptimos trabalhadores, com provas dadas por todo o lado).

Já se sabe que as artes têm acesso aos jornais, e sempre lá protestarão os que se sentirem pessoalmente lesados, mesmo que o sistema geral melhor. Sabe-se também que, embora a imprensa na época das eleições mostre andar à nora e fora das preferências do eleitorado, este Executivo governa para a satisfazer (como natural reação ao exercício oposto do anterior).

Jornal Económico

Assim, vamos continuar a ter mau teatro, muito subsidiado, sem hipóteses de conhecer novo – por não haver dinheiro para tudo, e os já instalados conseguirem bons apoios da imprensa. E a imprensa toda a apoiar muito os instalados da vida, em desfavor de possíveis novos génios. E uma diretora-geral, possivelmente sem ética suficiente para reconhecer a identificação política com quem a nomeou, a ser criticada apenas por louvar uma companhia que não ‘chula’ subsídios, sem sabermos sequer se essa companhia faz ou não bom teatro. Apenas pelo ‘defeito’ enorme de não ser ‘chula’.

E na contestação genérica dos meios culturais que se fez contra o Governo no final da semana passada, até um ex-secretário de Estado do sector do tempo de Passos, se atreveu a tomar parte, no artigo de um jornal em que, embora apresentando um vasto cuurrícuoo na Cultura (ex-secretário de Estado, ex-director-geral das Artes e ex-presidente do Clube de Artes e de Ideias), embora mostrando-se muito pouco culto no falar e no escrever (diz ele que fez inúmeros ‘processos concursais’), se treve a entrar também, com sugestões. Seria bom o resto dos contestatários lembrar-se do que foi o tempo dele no sector.

Até perceberia que o Estado pagasse uma Ópera Nacional, e um Teatro Nacional, e um Cinema Nacional, etc. Mas subsídios a torto e a direito a antigos que nunca se endireitam? Sem deixar lugar aos novos?

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