Vi há dias, como título de um artigo de opinião, num dos jornais diários de referencia que eu leio habitualmente, esta frase: ‘O 25 de Abril não chegou às casernas’. O seu autor deve ser um rapaz novo e ignorante, certamente maçado com os dislates do assalto a Tancos, e das investigações ali feitas pela tropa, ou por mais recentes manifestos dos chefes desta última. Só assim se compreende tal frase.

25_Abril, ptjornal.com
Porque todos os que o viveram sabem, o 25 de Abril saiu mesmo das casernas. O anterior regime, embora caduco e sem apoios, vivia ancorado nuns chefes militares velhos e fora de prazo. De um dia para o outro, caiu, aos pés das Forças Armadas.
Claro que como um ideólogo do sector dizia, as guerras são coisas demasiado sérias para serem deixadas nas mãos de militares. E provavelmente, todas ss Forças Armadas serão coisa demasiado séria para se deixar nas mãos de militares (como se viu agora com os chefes militares em bicos de pés, por não terem toda a fatia do Orçamento que querem). Mas, talvez porque o 25 de Abril chegou mesmo às casernas, e delas saiu, os partidos da nossa democracia têm feito a maior cerimónia em meterem-se com os militares. E têm-nos deixado governar-se sossegadamente (e erradamente, como se vê, achando-se ainda com pouca autonomia).
Talvez o desastre de Tancos nos tenha vindo evidenciar que os militares não podem mais ser deixados à solta, por pura incompetência. Será necessário encontrar um ministro da Defesa e um primeiro-ministro que entendam isto. Tancos não se pode repetir. Assim como não se podem repetir as opacas investigações que se fizeram sobre o assunto. Mas isso é um tema interessante a ser assimilado por toda a democracia nacional, que tem deixado os militares a governarem-se sozinhos. A ponto de se admirarem e maçarem por não conseguirem decidir todo o OE que querem para si.