Vinagrete 17.12.14 – As estrelas Michelin que assustam

O País gastronómico ficou esfusiante ao saber que o último Guia Michelin Portugal/Espanha, o referente a 2018, deu mais 2 estrelas a restaurantes portugueses do Algarve (o Bela Vista, do chef João Oliveira, 30 anos, no Hotel Bela Vista, Praia da Rocha, Portimão, e o

Fotografia do Expresso

Gusto by Hein Beck, do chef Daniele Pirillo, 31 anos, no Hotel Conrad, Quinta do Lago, Almancil – embora este sob a supervisão de Heinz Beck, 3 estrelas Michelin, no romano La Pergola, Waldorf Astoria Rome Cavalier). Sabendo nós como os cozinheiros contemporâneos trabalham tão afanosamente para o Guia Michelin, ficamos satisfeitos por eles.

No entanto, embora se coma bem nos restaurantes ‘estrelados’ pelo Michelin, não deixamos de notar que a verdadeira cozinha tradicional portuguesa, aquela óptima por que tanto se esforçaram figuras como José Quitério e Maria de Lourdes Modesto (talvez também Bento dos Santos), está a desaparecer com o Guia Michelin e a sua normalização modernizadora gastronómica. É certo que este Guia se fascina com algumas cozinhas tradicionais menos conhecidas no Ocidente (como a japonesa, agora demasiado de moda, e que se impôs ao Guia mesmo centenária, até a milenária). Mas chegou a hora de prestar a minha maior homenagem aos grandes restaurantes da comida tradicional portuguesa, os tais que deixaram os turistas fascinados, como entre muitos outros os lisboetas (desculpe lá o ‘estrelado’ Algarve, que também tem destas ‘pérolas’ tradicionais) Gambrinus, Solar dos Presuntos ou o Poleiro.

Agradece-se, pelo prazer gastronómico que proporcionam, que continuem indiferentes ao Guia Michelin, e à propaganda fácil que implica.

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