O país civil e político indignou-se, compreensivelmente, quando soube que o Ministério Público ordenara à Polícia a recolha de 2 cadáveres em sacos de plástico para autópsias, quando já estavam a ser velados pelas respectivas famílias, em capelas mortuárias. Tanto mais que se lhes tinha dito (às famílias) não serem necessárias as autópsias, por estar determinada a razão das mortes.

PSP a levantar cadáveres, fotografia de noticiasaominuto.com

O mais estranho disto tudo é ter-se querido arranjar a desculpa da legislação, ou de outra coisa qualquer, quando a única responsabilidade é dos magistrados ou do magistrado do Ministério Público, que fez a ordem, sem pensar nas suas consequências, e sem a menor sensibilidade para o resultado (mostrando assim também não estar capaz para exercer o seu cargo) – exercendo apenas o Poder de mandar com demasiado gosto. A única responsabilidade é portanto da Justiça Nacional e dos seus magistrados. E recorde-se que a actual ministra da Justiça pertence a este corpo de magistrados. Se só é capaz de ter reacções de solidariedade de classe (das más, das corporativas), isso mostra a que gente estamos entregues.

E não nos admiremos que, com qualquer legislação, continuemos a sofrer estes desmandos de quem actua tão despudoradamente e sem correr riscos. O problema não é a legislação, e mal de nós quando queremos resolver estes problemas (de gritante incompetência de alguns magistrados) com alterações da legislação (explicadas como única forma de fazer frente aos desmandos pessoais de certas pessoas desqualificadas).