Vinagrete 17.10.20 – Dinheiro dos contribuintes para incêndios

Perante a desolação, age-se sem pensar, SIC Notícias

Se já me pareceu errado os antigos responsáveis governamentais incentivarem acusações disparatadas no processo da Casa Pia, com a promessa de indemnizações a quem se propusesse fazer acusações, agora parece-me mais errado dar indemnizações em Pedrógão quando não se comprovem as responsabilidades.

Vem isto a propósito de Marcelo Rebelo de Sousa, que me tem parecido um excelente Presidente da República, capaz de levar novamente o PSD ao Poder quando estiver lá um líder melhor preparado do que o decepcionante Passos Coelho, ter proposto que o Estado avançasse depressa com as indemnizações, aproveitando um qualquer pretexto para se responsabilizar por elas. Esquece Marcelo que estamos a falar de dinheiro dos contribuintes, que deve ser tratado com especial respeito. E que foi já

Presidente manipulável pelas emoções, RTP

importante o acordo conseguido na Geringonça (ou Aliança de Esquerda) para só satisfazer as indemnizações do Estado, quando se comprovasse a responsabilidade do Estado. Ora ali estava uma decisão responsável, quando se trata de dinheiro dos contribuintes – sempre tão sacrificados pelos políticos na base da pirâmide social.

Mas as emoções acabaram de deitar borda fora qualquer sensatez, depois dos últimos incêndios, em que o Estado voltou a falhar (seria possível não falhar?) o dever de defender os cidadãos e evitar pelo menos as dezenas de mortos. Pena que assim seja. Não defendo insensibilidades, só ponderação e sensatez nos gastos com o dinheiro dos contribuintes, mesmo que esses gastos não agravem o défice imposto pela UE. Por isso pensava que a democracia orgânica se revelava superior à directa, evitando julgamentos e decisões precipitados. Já não é assim, pelos vistos. Mesmo com as eleições indirectas, vivemos um período infeliz de democracia directa, tipo julgamentos populares e referendos políticos.

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