
Fotografia do Expresso
O País parece ter ficado feliz por a agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P), do grupo editorial americano McGraw-Hill, ter tirado 6ª-feira passada Portugal da classificação de lixo. Só reparei que o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou uma indiferença completa relativamente ao facto, lembrando que as principais agências de notação financeira (há que juntar à S&P a Moody’s e a Fitch – as chamadas The Big Three americanas) classificaram muitíssimo bem grandes instituições financeiras à beira da falência (que em vários casos se confirmou) e a fazerem desaconselháveis acções de especulação nos mercados globais.
De facto, durante muito tempo, só a pequena agência de notaçãoo canadiana DBRS sustentou a economia portuguesa, com pareceres menos negativos.

Presidente do IGCP, fotografia do Público
Jerónimo tem razão. Mas enquanto os mercados especulativos e pouco inteligentes derem atenção a estas agências, os seus pareceres, por muito anedóticos e desfasados, são importantes para Portugal. Mesmo tenho-os convencido na classificação, apesar de (ou por isso) o Governo em funções tomar medidas bem diferentes das preconizadas por tais agências – que continuam a alardear o seu desfasamento e atraso em relação às realidades. Portanto, Jerónimo só tem razão em parte. Enquanto os mercados agirem de forma tão estúpida como se têm mostrado essas agências, e o país integrar a sua economia nesses mercados, Portugal precisa dos seus pareceres positivos.
Entretanto, vale a pena notar como, pelo menos relativamente a Portugal, a pequena DBRS andou mais a par e atempada do que as grandes nabonas que alinharam com as suas classificações positivas na crise que nos prostrou tanto tempo – e de que nunca sairíamos com as suas ideias. São incompetentes, mesmo em relação à ideologia que preconizam.
De qualquer modo recorde-se que, alguém tão formatado por certas regras ideológico-ortodoxas desta economia de casino, e satisfeita com elas, como a presidente do IGCP, desvaloriza até o que o país político todo valorizou (a posição da S&P), e diz ser necessário que pelo menos 2 das The Big Three, actuem de forma igualmente positiva.