
Hotel que albergou os estudantes finalistas portugueses em Torremolinos, fotografia do JN
Imagino que está tudo dito sobre o assunto, e portanto pouco adiantará uma nova referência (como dizia o Nobel francês André Gide, não vale a pena repetir o que já se disse). Ainda assim, vamos lá falar disto. Porquê finalistas que não estão a acabar curso nenhum? Porquê selvagens que acham uns cigarritos pelo chão, mais uns extintores de incêndios atirados para qualquer lado, e uns colchões fora do lugar (talvez atirados das janelas ou não) falarem nas TVs? Porque os paizinhos são também selvagens, e tudo isso é natural em suas casas?

Afinal, o hotel espanhol nem parece estragado, fotografia do JN
E porquê um hotel, que nem parece estragado, suspender uma conferencia de imprensa sobre a matéria, mal foi ameaçado de ser processado? E porquê um hotel armado em virgem ofendida, quando se dedica precisamente a receber estes grupos, e depois acha que os pode tratar mal?
E porquê toda a gente, ou tanta gente, com ideias definitivas e radicais, sobre um tema que nem chega a conhecer bem?
Muito bem, os psicólogos estão a cair em si, e, depois de anos em que pareciam demasiado permissivos, acusam agora os paizinhos de educarem mal os filhos, e não se esforçarem por os emendar nestes casos – mesmo que os responsáveis do hotel se tenham portado ainda pior.
E porquê irem para hotéis manhosos, que vivem destes grupos horríveis?

Os tais estudantes portugueses em pleno hotel, fotografia do Público
E porquê ser possível a intromissão das agências de viagens, que organizam este género de eventos, nos processos eleitorais estudantis?
Que cambada geral: certos hoteleiros, alguns agentes de viagens e uma espécie de estudantes (nunca vi filhos meus – que até são numerosos –, nem sobrinhos, nestas andanças). Mas estou de acordo numa coisa que li: não se pode culpar destas alarvidades uma geração inteira. Normalmente, não são gerações inteiras que fazem as anormalidades (que se chamam ‘anormalidades’ precisamente por não serem ‘normais’), embora a enorme mobilidade social de democracia só agora em vigor em Portugal, tenha como pior característica o proporcionar esta ausência de referências sociais, como as de simples etiqueta. Também me lembro que, sendo eu já bastante velhote (um entrado sessentão), era dos poucos do meu tempo que gostava de ler, ou de outras actividades de formação – que não se resumissem a um entretimento alarve. E não culpo de nada a minha geração…