
Manifestação na Roménia, Euronews
A maior onda de protestos desde Revolução de 1989 contra Ceaucescu (há mesmo quem diga que já ultrapassou essa Revolução) está a varrer a Roménia. E por razões bem compreensíveis: o Governo, pela calada da noite e em segredo, fez aprovar um diploma que modifica o Código Penal, para indultar certos crimes de abuso de Poder. O diploma surgiu à medida do líder do PSD, o Partido que ganhou as eleições e teve de avançar com outro primeiro-ministro por o dirigente máximo do Partido estar a ser julgado, acusado de usar fundos do Estado para pagar favores políticos.

Um PM entalado, fotografia do Sapo
Algumas eleições, como as de Trump, Duterte Putin, Orbán, e congéneres, podiam fazer acreditar que tudo é possível na chamada democracia, porque os povos tudo engolem. Pois neste caso parece não estarem a engolir. Arrependeram-se do delírio inicial. E enfrentam temperaturas negativas assustadoras, para se manterem na rua a protestarem contra o desplante dos governantes, mesmo de noite.
Finalmente, fala-se num recuo da Lei (outra coisa haveria a fazer no futuro), mas sem deixar o Poder. Só que os manifestantes mostram já não estarem interessados nisso. Querem mesmo nova

A sombre de Ceaucescu, fotografia do Telegraph
eleição. Os tempos políticos têm destas coisas. Quando se tarda, e pretende ir a reboque, pode-se já não estar a tempo.
Ou o PSD romeno se sente com forças para mandar o Exército desancar o seu povo, para o continuar a roubar placidamente, enganando-o com medidas avulsas e populares como o aumento do salário mínimo – ou corre o risco de ser deixado pendurado pelo dito Exército (será que haverá uns generais também a beberem da taça pública?), e ter mesmo de sair pela porta pequena, para não se arriscar a liderança do tal PSD a acabar como Ceucescu. Porque não acredito que tudo se fique pela demissão do ministro da Justiça (já concretizada).