Vinagrete 17.01.03 – Paris em Lisboa também é loja histórica

Fotografia da Wikimédia

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Já vimos que as lojas históricas, e que em tal estatuto se pretendem resguardar, são aquelas que não conseguem fazer um negócio lucrativo nas naturais leis do mercado, e aproveitam algumas idiossincrasias (idade avançada, situação central, etc.) confortáveis para proprietários e clientes, para se perpetuarem à custa de alguém. E a Assembleia Municipal resolveu dar-lhes razão, num apoio estranho à forma mais parasita de capitalismo descarado, sugador de alheios – apelando ainda por cima ao Parlamento para também o fazer, com o apoio de uma esquerda muito desnorteada (perceberia melhor o apoio da direita mais reacionária a estes desvarios capitalistas).

Lojas históricas: porque não terá ocorrido a ninguém impedir o fecho da Loja das Meias original? Fotografia de Elizabete Serol

Lojas históricas: porque não terá ocorrido a ninguém impedir o fecho da Loja das Meias original? Fotografia de Elizabete Serol

Vi os jornais falarem do Paris em Lisboa, que é para mim a loja mais bonita do mundo. São 3 andares em plano Chiado, a gozarem as delícias das disparatadas Leis das Rendas de sabor salazarento, que lhes permitiram não pagar rendas muito tempo, num local centralíssimo. Se fossem afectadas por um incêndio como o do Chiado afectou por exemplo o José Alexandre, talvez na altura a mais emblemática loja de Lisboa, talvez acabassem como esse estabelecimento acabou – depois de um intermezzo numa loja alugada no edifício Imaviz

O Paris em Lisboa nem se pode dizer que seja uma loja barata. Mas tem coisas únicas e lindíssimas. Talvez devessem ter convidado o dono do prédio para sócio – o que só corresponderia à realidade de ser ele

Paris em Lisboa, interior, fotografia da Câmara de Lisboa

Paris em Lisboa, interior, fotografia da Câmara de Lisboa

que viabilizava o negócio chorudo. Mas porquê manterem-se sem conseguirem cumprir as regras normais do mercado?

Claro que este não é o problema apenas do Paris em Lisboa – para mim a loja mais bonita do mundo –, mas de todas as chamadas lojas históricas. Que estatuto mais disparatado para o comércio. Que abominação de Assembleia Municipal de Lisboa. E porque não comprarem os prédios aos legítimos donos?

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