
Ainda vai aprender a usar gravata, fotografia do Globo
Sem querer defender a eleição de Trump, ou pedir que lhe dêem o beneficio da dúvida (tenho sobre a democracia a mesma posição distante e snob de figuras como Churchill e Bernard Shaw, e portanto defendo-a como o mal menor mas sem me identificar com as massas ululantes) estou convencido de que nem Obama poderia concretizar completamente o seu programa, nem Trump. O equilíbrio de poderes das democracias ocidentais impedem isso. Num caso, a meu ver, para pior, noutro caso para melhor. Mas de nenhum dos 2 se poderia esperar ver fazerem tudo o que queriam. Pelo muito que se espera deles, ambos vão decepcionar. Com Trump, podemos pensar: do mal, o menos. Maas este menos já poderá ser suficientemente mau.

Não é a Família Trapp, mas a familia Trump, fotografia da Veja
Longe de mim estar com isto a defender Trump. Ele logo diz para onde vai, alardeando os amigos que escolhe: Putin, Lafarge, Le Pen, etc. Diz-me com quem andas…
Constatado isto, também percebo que a diplomacia internacional se faz com racionalidade e previsibilidade – 2 características que escapam completamente a Trump. De modo que, mesmo se ele não fosse tão hostil à Europa como tem sido (e também, nele, são indiferentes o discurso da posse ou a equipa escolhida, tudo é simplesmente alarve), era de crer que os europeus preferissem a previsibilidade de Putin, e os seus olhos se virassem mais para Moscovo – como no tempo de De Gaulle. E desta vez não é sequer De

E até houve vestido dela, para deleitar a costureirinhas de bairro, fotografia da vip.pt
Gaulle a desvalorizar a NATO, mas o próprio Trump (na sua imensa ignorância, afasta-se de bandeja do domínio do mundo). Vamos ver se conseguirá ficar com relações privilegiadas com o Reino Unido, como aconteceu com os EUA nos tempos de De Gaulle, ou até isso perderá, com o seu carinho excessivo pelo espelho Farage. Entretanto, quem ganhou em todos os carrinhos foi efectivamente Putin, que deve encarar o seu pupilo Trump com carinhoso desprezo.
Mas, como outros alertaram, também me parece que o declínio da América (embora menos acentuado) não começou só agora, com Trump – que poderá ter-se limitado a dar um passo grande e significativo nesse sentido.